
APRESENTAÇÃO – Professora de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Márcia Vanusa da Silva abordou experiências com plantas medicinais. Foto: Jarbas Araújo
Um extrato feito a partir dos frutos de pau-ferro, angico de bezerro e angico branco – espécies encontradas no Semiárido nordestino – se mostrou eficiente no combate a uma bactéria frequentemente associada a infecções hospitalares. O estudo, publicado em um periódico científico internacional, foi um dos exemplos apresentados, nesta quarta (13), no Seminário Experiências Exitosas no Bioma Caatinga, promovido pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia.
Na apresentação sobre as plantas medicinais, a professora de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Márcia Vanusa da Silva expôs iniciativas de trocas de saberes em que o conhecimento de comunidades tradicionais é resgatado e validado por pesquisas. A partir daí, a produção é estimulada de forma a gerar renda para essas populações. “O óleo de babaçu tem o mesmo efeito de um anti-inflamatório comercializado internacionalmente”, exemplifica a pesquisadora, que percebeu, ainda, que as mulheres são figuras centrais como detentoras desse saber.
O superintendente-técnico da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Sérgio de Azevêdo Mendonça, por sua vez, relatou a implantação dos módulos de manejo sustentável da agrobiodiversidade no entorno das unidades de conservação da Caatinga. O projeto inclui a capacitação de professores e produtores rurais, perfuração de poços, criação de unidades de beneficiamento de mel e frutas, entre outras iniciativas. “Em Serra Talhada (Sertão Central), tivemos a grata surpresa da formação de uma feira agroecológica como fruto desse trabalho”, menciona.
Durante a audiência, a representante da Associação Águas do Nordeste (ANE) Edneida Cavalcanti abordou o Projeto Águas de Areias, para recuperação e gestão compartilhada das águas de aluvião em leito seco de rios no Semiárido pernambucano. Houve ainda a exibição do curta-metragem O Sertão Vai Virar Mar, da fotógrafa Patrícia Patriota. Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Patricia Ferreira Tavares falou das ações do projeto Papagaio da Caatinga para reabilitação, soltura e monitoramento de aves apreendidas.

ZÉ MAURÍCIO – “A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, dotado de biodiversidade única, porém muito frágil: 45% de sua vegetação já foi devastada, e 60% da área está sujeita à desertificação.” Foto: Jarbas Araújo
Presidente da Comissão de Meio Ambiente, o deputado Zé Maurício (PP) enfatizou que a atividade faz parte da celebração do Junho Verde, data comemorativa que foi estabelecida por lei de sua autoria em 2017. “A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, dotado de uma biodiversidade única, porém muito frágil: 45% de sua vegetação já foi devastada, e 60% de sua área está sujeita à desertificação. Por isso, propusemos compartilhar com a sociedade e esta Casa os exemplos que serão apresentados na 2ª Conferência Regional da Caatinga, a ser realizada entre os dias 19 e 21 de junho em Fortaleza (CE)”, acrescentou.
O Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Pernambuco, Francisco Campello, enfatizou que as experiências exitosas indicam que, além das unidades de conservação, a utilização correta dos recursos naturais ajuda a proteger o meio ambiente. De acordo com ele, as boas práticas precisam ser absorvidas dentro das políticas públicas.
O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos Cavalcanti, falou do desafio gerado pelas mudanças climáticas, mas também de oportunidades de ampliação de renda para a população, como a geração de energia solar.
Ao retomar o assunto na Reunião Plenária, Zé Maurício, que pela manhã pontuou os danos ambientais provocados pela monocultura, pecuária extensiva e produção de lenha, reforçou a “situação preocupante” em que se encontra a Caatinga. “Vimos nas palestras a rica biodiversidade desse bioma e os potenciais econômicos e científicos enormes que ele possui”, agregou.