
AUDIÊNCIA PÚBLICA – Educação inclusiva e atendimento especializado de saúde foram algumas das necessidades expostas durante encontro na Câmara Municipal. Foto: Sabrina Nóbrega
Mobilidade, educação inclusiva e atendimento especializado de saúde são algumas das necessidades das pessoas com deficiência do município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). As reivindicações foram apresentadas nesta terça (27), em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores da cidade pela Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência da Alepe.
A coordenadora do colegiado, deputada Terezinha Nunes (PSDB), lembrou que Jaboatão é o segundo município mais populoso de Pernambuco. “Com os problemas que a cidade tem e com a grande população pobre que vive nela, a situação deve ser ainda pior que a da Capital”, avaliou. “Viemos ouvir as demandas e saber o que a Prefeitura está fazendo para resolver. E o Estado também deve agir no sentido de dar maior atenção às pessoas daqui”, salientou.

TEREZINHA NUNES – “Estado deve agir no sentido de dar maior atenção às pessoas daqui”. Foto: Sabrina Nóbrega
O encontro foi marcado por relatos emocionados. Entre eles, o de Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA), que representa mães de crianças que nasceram com a Síndrome Congênita do Zika Vírus. Ela falou que a audiência pública é uma oportunidade para que os gestores tomem conhecimento sobre as necessidades do grupo. “Os problemas ocorrem desde a inclusão das crianças em creches até a estimulação precoce na policlínica. A gente esbarra na qualidade e quantidade de sessões de terapias indicadas, que estão abaixo do recomendado, são insuficientes”, observou.
Presidente da ONG Deficiente Eficiente, que reúne 120 cadeirantes de Pernambuco, Felipe Gervásio destacou que a principal bandeira do grupo é a mobilidade. “Nós vamos a hospitais e postos de saúde que sequer têm rampa de acesso ou banheiro adaptado. Eu, como usuário de cadeira de rodas, me sinto constrangido. Procuro sempre a gestão da unidade para ver o que pode ser feito e ajudar na melhoria, porque acredito que é uma parceria”, contou.
A promotora de Defesa da Cidadania de Jaboatão, Isabela Carneiro Leão, apontou outras queixas que o Ministério Público recebe em relação à assistência às pessoas com deficiência, como na área de educação. “Ausência de acompanhante para o estudante que necessita, insuficiência de salas de recursos multifuncionais no contraturno, recusa de alunos com deficiência na rede de ensino privada e demais direitos violados”, citou. “A atenção que temos que ter com a pessoa com deficiência é transversal, porque deságua em vários setores.”
A coordenadora de Educação Especial do município, Lauriceia Tomaz, afirmou que as ações da atual gestão para garantir educação inclusiva aos 1.324 alunos da rede municipal que têm deficiência foram reforçadas no último ano. “Só tínhamos 24 professores do atendimento educacional especializado, que atuam em salas de recursos multifuncionais. Aumentamos para 59”, disse. “Estamos instrumentalizando esses espaços com os recursos pedagógicos adequados e adaptados. São pequenas ações em um ano de trabalho, mas já vemos reflexo.”
O secretário de Articulação Política de Jaboatão, Robson Leite, colocou-se à disposição para buscar soluções a todos os problemas pontuados durante a audiência. Entre os encaminhamentos anunciados estão encontros mensais com representantes da UMA e o compromisso da Câmara de Vereadores em criar a própria Frente Parlamentar para defender os direitos das pessoas com deficiência.
Além das entidades que representam pessoas com diferentes deficiências no Estado, a reunião também contou com a participação de integrantes de órgãos como Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) e Secretaria de Educação de Jaboatão dos Guararapes.