
ANÁLISE – “O presídio virou uma grande matriz do crime organizado no Brasil. Com a proteção do Estado, cometem-se os mesmos crimes que seriam praticados do lado de fora.” Foto: Roberto Soares
Em discurso na Reunião Plenária desta segunda (26), o deputado Rodrigo Novaes (PSD) propôs a realização de um debate com a sociedade, na Assembleia, sobre a situação do Sistema Penitenciário do País. O parlamentar sugeriu que representantes do recém-anunciado Ministério da Segurança Pública e da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, além de especialistas, sejam convidados com o propósito de buscar meios de impedir a atuação do crime organizado de dentro dos presídios.
Para Novaes, o enfrentamento à situação nas penitenciárias ajudará a resolver os problemas de segurança pública do lado de fora, pois criminosos condenados continuam a comandar o tráfico de drogas, os grupos de extermínio e os roubos a bancos usando celulares, corrompendo agentes e diretores dessas unidades. “O presídio virou uma grande matriz do crime organizado em todo o Brasil. Com a proteção do Estado, cometem-se os mesmos crimes que seriam praticados do lado de fora”, afirmou.
O deputado classificou como um “pacto obscuro” a opção do Poder Público por não enfrentar o fato temendo a ocorrência de rebeliões. “Pior do que não ressocializar os detentos é ter a certeza de que eles continuam agindo de dentro dos presídios, fazendo mal à sociedade aqui fora. Se for necessário, podemos criar uma comissão para visitar as unidades e verificar o que está faltando”, propôs.
A sugestão foi endossada pelo deputado Romário Dias (PSD). “Precisamos fazer um grande seminário para debater a violência em Pernambuco e preparar um documento para o Estado e o Brasil”, disse.
Presidente da Comissão de Cidadania, Edilson Silva (PSOL) convidou os parlamentares da Casa para conhecer o Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife (RMR), citado por ele como “um exemplo de gestão pública”. “Existem alternativas para se construir um sistema prisional com dignidade”, observou o parlamentar, que criticou a política de guerra às drogas e defendeu o foco da segurança pública no combate aos crimes contra a vida.