
AVALIAÇÃO – Para deputado, eventuais excessos cometidos por participantes do debate “não desabonam a população”. Foto: Roberto Soares
Em discurso durante a Reunião Plenária desta segunda (24), o presidente da Comissão de Cidadania, deputado Edilson Silva (PSOL), rechaçou queixas de que teria sido conivente com supostos atos de intolerância religiosa praticados durante audiência pública do colegiado. Na semana passada, o deputado Pastor Cleiton Collins (PP), em pronunciamento na tribuna após a realização do encontro, afirmou que “os convidados foram agressivos” e que houve “um ataque forte por parte do presidente da Comissão à bancada evangélica”. Na avaliação de Silva, o parlamentar “induziu os colegas a erro”, pela maneira como levou o tema ao Plenário.
A audiência, convocada por solicitação do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco, registrou protestos de profissionais e de membros de movimentos sociais contra a proposta apelidada de “cura gay”, em tramitação no Congresso Nacional. A proposição pretende revogar resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe psicólogos de abordar o comportamento homoerótico como doença ou como distúrbio psíquico.
Para Edilson Silva, eventuais excessos cometidos por participantes do debate “não desabonam a população”. “Nosso povo está sendo massacrado, oprimido e explorado, por isso às vezes exagera mesmo. É muito natural que a população desabafe, mas precisamos agir com equilíbrio”, avaliou. “O deputado Cleiton Collins lembrou que foi dito que era pra se retirar o crucifixo deste Plenário, mas esqueceu de dizer que eu, ato contínuo, disse que aquele cristo crucificado me representa, que foi morto por defender a tolerância, o amor, a diversidade e a liberdade”, continuou.
Na opinião do parlamentar, o discurso em favor do pluralismo não pode ser “meramente formal”. Silva lembrou da rejeição à criação da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, e da retirada, do Plano Estadual de Educação aprovado na Assembleia, de referências ao combate à discriminação de gênero em 2015. “Nesses momentos a Casa não foi materialmente plural”, analisou.
Teresa Leitão (PT), em aparte, pediu “muito cuidado” na abordagem da questão. “O mundo não está fácil, mas essa proposição da ‘cura gay’ é um acinte ao exercício da psicologia”, classificou. Terezinha Nunes (PSDB), na mesma linha, intercedeu por “equilíbrio” na condução da discussão. Bispo Ossesio Silva (PRB) ponderou ser preciso “conviver com o outro”. “O Estado é laico e precisamos defender o espaço de cada um”, pontuou.