Pernambuco se despede do sanfoneiro Dominguinhos

Em 26/07/2013 - 00:07
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O corpo do sanfoneiro Dominguinhos foi velado, ontem, no Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco. O artista estava internado no Hospital Sírio- Libanês, na cidade de São Paulo, desde o dia 13 de janeiro; e não resistiu a complicações infecciosas e cardíacas. Ele lutava contra um câncer de pulmão há seis anos e morreu na tarde da última terça-feira (23), aos 72 anos de idade.

Às 17h, o corpo seguiu para sepultamento no Cemitério Morada da Paz, no município do Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR).

Ao lado dos familiares do músico, parlamentares, demais autoridades e amigos participaram da cerimônia. Na ocasião, o presidente da Casa Joaquim Nabuco, deputado Guilherme Uchoa (PDT), declarou que Pernambuco está de luto com a perda de um dos principais artistas do País. “Dominguinhos representou e divulgou a cultura pernambucana no Brasil e exterior. Sua morte deixará uma lacuna no cenário musical nacional”. O corpo do cantor chegou à Alepe às três e meia da madrugada e foi recebido por Uchoa.

O governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), lamentou. “Brilhante no que fazia, Dominguinhos tinha fé em Deus e se destacava pela simplicidade. Ele permanece através da sua música”, pontuou.

As portas do Museu Palácio Joaquim Nabuco foram abertas às 8h, por onde circularam centenas de fãs que queriam prestar uma última homenagem ao sanfoneiro. Inúmeros artistas destacaram a importância de Dominguinhos para a cultura brasileira. “Instrumentista extraordinário, junto com Luiz Gonzaga, simboliza a genialidade da música nacional”, ressaltou o cantor Alcymar Monteiro. O compositor Nando Cordel o descreveu como “amigo e pai musical”. O músico Cezzinha enfatizou “a personalidade generosa”.

A ex-esposa, Guadalupe Mendonça, agradeceu: “É reconfortante sentir o carinho de tantos fãs e amigos”. A cantora Liv Moraes, emocionada, registrou: “o prazer de cantar é um pedacinho do meu pai que permanece comigo”. “A generosidade, o caráter e a humildade de Dominguinhos eram maior que sua música”, acrescentou Mauro Moraes, filho do artista.

No final da manhã, houve uma missa de corpo presente celebrada pelo padre Josenildo, da Paróquia das Graças. Durante a celebração, vários sanfoneiros prestaram uma homenagem ao forrozeiro ao entoar sucessos do artista como Eu só quero um Xodó e De Volta pro Aconchego. O vice-governador do Estado, João Lyra (PDT); O senador Armando Monteiro (PTB); o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB); e o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB) foram algumas das autoridades que participaram da cerimônia.

Natural de Garanhuns, Agreste Meridional de Pernambuco, José Domingos de Morais tornou-se músico profissional ainda garoto, aos nove anos de idade, quando conheceu Luiz Gonzaga, de quem é conside-rado herdeiro artístico. Parceiro musical de grandes nomes da MPB, a exemplo de Gilberto Gil e Chico Buarque, colecionou prêmios importantes, como o Grammy Latino e o Prêmio Shell de Música. A última apresentação aconteceu no dia 13 de dezembro do ano passado, durante as celebrações do centenário do Rei do Baião; na cidade de Exu, Sertão do Estado.

O corpo de Dominguinhos também foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na ocasião, um representante do Grammy Latino entregou à família o prêmio da categoria Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras que Dominguinhos tinha recebido, em 2012, pelo CD O Iluminado. A organização da premiação aguardava a saída do artista do hospital para entregar o troféu.