Cidadania discute a violência em Garanhuns

Em 11/12/2004 - 00:12
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O “alto índice” de criminalidade em Garanhuns, no Agreste do Estado, foi discutido, anteontem, pela Comissão de Defesa da Cidadania da Alepe. O colegiado promoveu uma audiência pública no município para tratar o assunto. O encontro, na Câmara de Vereadores, contou com a presença do presidente da Comissão, deputado Roberto Leandro (PT), dos deputados Isaltino Nascimento (PT) e Soldado Moisés (PRP), além de representantes do Ministério Público, das Polícias Militar e Civil, da Câmara de Vereadores, do Poder Judiciário e da sociedade civil.

Os parlamentares receberam várias denúncias sobre “a interferência política e econômica” na apuração de alguns crimes. Por isso, Roberto Leandro decidiu agendar uma nova audiência pública conjunta com as corregedorias gerais. A data ainda não foi definida.

A reunião foi tensa e marcada por depoimentos emocionados das mães de algumas vítimas de assassinato. Um deles foi da servidora pública estadual Sandra Rezende que, em fevereiro deste ano, teve sua filha, Lúcia Helena, e o genro, Clóvis Alves Monteiro Filho, assassinados. O acusado é o irmão de Clóvis, Eurico Jorge Branco Monteiro, que está foragido. “A dor é grande, mas acredito que essa reunião aliviará um pouco o sofrimento, pois resultará na consolidação da justiça, na punição do culpado”, declarou Sandra.

O promotor de Justiça do Ministério Público em Garanhuns, Alexandre Bezerra, falou das dificuldades enfrentadas no combate à violência na região. Ele citou a falta de equipamentos, pessoal especializado e a interferência do poder econômico local na investigação de casos polêmicos como alguns dos principais problemas. “Acho que tudo isso contribui para o aumento da criminalidade.

Porém, a falta de políticas sociais também é um fator que deve ser levado em consideração.” O delegado do município, Mozart Araújo, disse não ter recebido nenhum reforço para a captura de Eurico e denunciou a falta de infra-estrutura básica, como exame de balística e coleta de impressão digital. Ele acrescentou que acredita na isenção da delegada Débora Bandeira, responsável pela investigação do duplo assassinato, embora reconheça que ela tenha sofrido “pressões”.

Soldado Moisés criticou a Secretaria de Defesa Social e o Poder Executivo pela “falta de gerenciamento dos recursos destinados à segurança pública”. Isaltino disse que encaminhará à Rede Globo um pedido para reprisar o episódio do programa Linha Direta que tratou do assassinato da filha e do genro da servidora Sandra Rezende. A transmissão não ocorreu em todos os municípios pernambucanos devido a uma decisão judicial. O deputado também solicitará que a foto do acusado seja divulgada como procurado pela Polícia e a implantação de uma força-tarefa para investigar os crimes na região. O colegiado ainda pretende marcar um dia de mobilização contra a violência no município.