Os irmãos Marcelo José de Lira e Valfrido Lira, indiciados por duplo homicídio qualificado no caso das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, podem não ser denunciados à Justiça pelo promotor da comarca de Ipojuca, Miguel Sales. A declaração foi feita pelo próprio promotor, durante reunião extraordinária da Comissão de Defesa da Cidadania. Sales disse que ainda não leu o inquérito e que, portanto, não pode adiantar sua decisão. “Mas se a argumentação contida no inquérito contra os kombeiros não forem suficientes para que eu tenha certeza da denúncia, posso não apresentá-la”, declarou. Nesse caso, o Ministério Público pode solicitar novas diligências ou o arquivamento do processo.
A iniciativa de realizar a reunião partiu do deputado Betinho Gomes (PPS) e mobilizou não apenas os integrantes da comissão, mas um grande número de deputados, além de representantes da OAB, os advogados Célio Avelino e Pedro Teixeira, e o promotor de Ipojuca. O objetivo era tentar esclarecer algumas dúvidas levantadas através da imprensa quanto às conclusões do inquérito, mas as ausências do chefe da Polícia Civil, Aníbal Moura, do defensor público José Francisco Nunes e do delegado de Ipojuca, Waldemir Maximino, impossibilitaram que os parlamentares chegassem a um consenso.
Já as declarações do advogado Waldomiro Evangelista, que também participou da reunião e não acredita que os kombeiros foram os autores do crime, serviram para aumentar essas dúvidas. “Não quero fazer nenhuma declaração que me coloque na posição de testemunha, mas conheço aquele pedaço de terra (Maracaípe) há mais de trinta anos e algumas coisas foram desprezadas durante as investigações. Chegaram até mim informações de que os kombeiros não cometeram o crime”, declarou.
Ainda hoje, a Secretaria de Defesa Social vai encaminhar cópia do inquérito aos integrantes da comissão, que decidiram realizar uma nova reunião, na próxima quarta-feira, às 14h. A lista de convocados ainda não foi definida, mas deverão ser chamadas as principais autoridades que atuaram nas investigações. Caso as dúvidas não sejam respondidas durante a reunião, os deputados vão avaliar a necessidade de criar uma Comissão Especial ou, até, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para acompanhar o caso.