Pistolagem pode ter ligação com Alagoas Conclusão é do presidente da Comissão da Violência e da Pistolagem, deputado Pedro Eurico A CPI estadual do Narcotráfico e da Pistolagem ouviu, ontem, no auditório da Assembléia Legislativa, vários depoimentos de testemunhas ligadas ao crime e ao roubo de cargas na Mata Sul do Estado. Ao final dos trabalhos, o presidente da Comissão, deputado Pedro Eurico (PSB), afirmou que não tem mais dúvidas sobre a relação entre ações criminosas naquela região e outras praticadas em Alagoas.
“Esses depoimentos foram importantes para que nós cruzássemos informações primordiais para o trabalho”, assinalou o parlamentar, afirmando que, após a ouvida das testemunhas, os deputados integrantes da CPI vão definir ações para outras regiões do Estado. Na próxima semana, por sinal, os parlamentares visitarão o Estado de Alagoas.
O primeiro depoimento de ontem foi marcado por contradições. O soldado da Polícia Militar Amaro José Vicente, conhecido como “Amaro da Pistola”, deixou os deputados insatisfeitos com as suas colocações. Mesmo assim, ele confirmou conhecimento de diversos crimes praticados nos municípios da Mata Sul. “Nunca me envolvi em nenhum crime em Pernambuco ou Alagoas. Nunca matei ninguém e minha ficha policial é de comportamento excepcional”, garantiu, reconhecendo depois que foi preso três vezes e respondeu a sindicância.
Ele confirmou que, juntamente com mais nove soldados, trabalha como segurança para o prefeito de Joaquim Nabuco, Marcos Barreto. A CPI, inclusive, aprovou a recomendação ao secretário de Defesa Social, Iran Pereira, para transferência desses policiais.
Reservado Durante a sessão da CPI, parte dos depoimentos foram tomados em reserva. Um dos depoentes foi o detento Manoel Severino de Oliveira, conhecido como “Manoel Vigia”. Além dele, o ex-diretor de Mercadorias em Trânsito da Secretaria da Fazenda, Iran Castilho, participou como convidado da reunião.
Os integrantes da Comissão também ouviram o ex-prefeito de Palmares, Antônio Gago, e seus dois filhos, Fábio George e Flávio Antônio, acusados de roubo de cargas, assassinatos e sonegação fiscal. Houve ainda dois depoimentos reservados. Os encapuzados, chamados de “Capibaribe” e “Beberibe”, apontaram pessoas envolvidas com o crime na Mata Sul, mas a CPI decidiu “desconsiderar as declarações, por serem inverídicas e não haver nenhum fato novo”.
Passos Na avaliação do relator da CPI, deputado José Queiroz (PDT), os depoimentos do dia foram “inconsistentes e contraditórios”. Ele apontou os próximos passos da Comissão. “Vamos fazer o cruzamento das informações, uma etapa importante. Depois, devemos ir a outros municípios do Estado onde há problemas”, revelou.
Antônio Moraes (PSDB) também confirmou que a CPI deve direcionar seus trabalhos agora para outras regiões do Estado. Ele falou sobre a possibilidade da CPI solicitar a volta da “zona de exclusão” para a Mata Sul. “Agora, vamos pedir ao governador a implantação de medidas de segurança para aquela área. No final dos trabalhos, poderemos solicitar a criação da zona de exclusão”. (Ana Lúcia Lins/Marconi Glauco)