AL presta homenagem à mulher

Em 21/03/2000 - 00:03
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AL presta homenagem à mulher Num ato marcado por críticas ao modelo econômico, ao desemprego e a violência contra as mulheres, a Assembléia Legislativa prestou homenagem ao Dia Internacional da Mulher, cerimônia em que foi destacado o trabalho das parteiras no país e no mundo e a Marcha Mundial das Mulheres contra a pobreza, a fome e a opressão.

Durante a sessão especial, iniciativa da deputada Luciana Santos (PC do B), foram expressivas as manifestações das lideranças feministas sobre as lutas das mulheres em defesa dos seus direitos, com registros dos avanços conseguidos no Brasil e no mundo, bem como das limitações que enfrentam para ampliar as conquistas e ajudar no processo de mudança.

A sessão foi presidida, no início, pelo deputado Lula Cabral, e a Mesa formada por Ana Farias, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Sulene Julião, da Central Única dos Trabalhadores, Geralda Farias, da Cruzada de Ação Social, Suely Oliveira, Coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Margarida Cantarelli, Juiza Federal do Tribunal Federal da 5a. Região, Nadeje Domingues, do Forum de Mulheres de Pernambuco, e Suely Carvalho, do Cais do Parto.

Após a abertura, a deputada Luciana Santos (PC do B) fez um relato da luta da mulher, referindo-se às operarias que morreram queimadas, nos Estados Unidos, na luta pela jornada de trabalho de oito horas, melhores condições de vida, e o movimento feminista no Brasil, que evoluiu bastante neste século, com as muilheres conquistando o direito de voto e lutando para vencer a discriminação econômica, política e social.

De acordo com Luciana Santos, as mudanças ocorrida no mundo, no Brasil, ainda são limitadas, tendo em vista que as decisões das mulheres, tomadas em conferências mundiais, não têm sido respeitadas pelos países que se comprometem nesse sentido.

Assim defendeu maior vigor na luta das mulheres, de sorte a alterar a relação desfavorável que existe no mercado de trabalho, na política e na administração.

Nessa linha de reivindicação, Sueli Carvalho, do Cais do Parto, defendeu o reconhecimento da sociedade, do Estado, às mulheres parteiras, lembrando que existem 60 mil parteiras no Brasil, que realizam 450 mil partos por ano, e em Pernambuco um total de 4 mil e 500. Elas não tem sua atividade reconhecida, sendo necessário fazer justiça às parteiras, ao seu aprendizado, sabedoria, conhecimento.

Em seguida, foi feita homenagem à parteira Maria dos Prazeres, que destacou o papel da mulher como companheira, mãe, avó, amiga, e lembrou que o criador, na sua sabedoria, viu a necessidade da existência da mulher, que não deve ser discriminada. Numa defesa entusiasmada das parteiras, Maria dos Prazeres lembrou que elas atuam em Pernambuco, no Brasil, nos paises desenvolvidos, levando sua experiência, ternura e carinho. Por fim, pediu a compreensão de todos para regularizar a situação das parteiras.

Após a homenagem, Luciana Santos voltou a defender o fortalecimento do movimento das mulheres em nosso Estado, no país, e chamou a atenção para a Marcha Mundial das Mulheres contra a Fome, a Violência, movimento que se inicia dentro da convicção de que haverá maior avanço e que as mulheres agora são outros quinhentos.

Luciana Santos assumiu a Presidência da sessão e concedeu a palavra a Ana Farias, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, que criticou a posição do Governo brasileiro referente ao órgão, pois tenta enfraquecer sua atuação e consequentemente a luta da mulher. Ele anunciou a realização do Encontro Feminista Nacional, em abril, e a Conferência Internacional da Mulher, em julho, para fortalecer a luta feminina.

Dentro desse enfoque, Ducilene Julião, da Central Única dos Trabalhadores, criticou o modelo econômico, o avanço do desemprego, esclarecendo que atinge mais as mulheres, enquanto Nadeje Domingues, do Forum de Mulheres de Pernambuco, afirmou que as mulheres tem duas mil boas razões para mudar o mundo e nesse sentido vão marchar este ano em movimentos locais, nacionais e internacionais.

Essa marcha contra a pobreza, a luta contra a violência fetichista, é uma forma de questionar os rumos da sociedade, as relações de trabalho, de convivência, conforme destacou Suely Oliveira, Coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres.

Ela adiantou que as mulheres querem mudar o mundo, com o fim da pobreza, da violência, da opressão. (Nagib Jorge Neto)