Eurico critica ato de evangélicos no morro

Em 24/02/2000 - 00:02
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Eurico critica ato de evangélicos no morro O líder do PSB, deputado Pedro Eurico, lamentou ontem, na Assembléia Legislativa, a conduta de um grupo evangélico no Morro da Conceição, que agiu de forma ilegal, arbitrária, provocando a comunidade católica e perturbando o clima ecumênico, de concórdia, que marca as relações entre as religiões no Estado, no país, numa atitude perigosa para a paz social.

Pedro Eurico ressaltou que a comunidade do Morro da Conceição foi agredida pelo deputado Gilvan Costa, que decidiu ocupar, sem licença, uma área para fazer pregação religiosa. A atitude seria normal, aceitável, mas o parlamentar evangélico agiu ao arrepio da lei, prejudicando a liberdade de culto, com a agravante de apelar para a sua imunidade como deputado.

Daí argumentou que no Brasil não temos um Estado confessional, nem teocrático, mas um estado democrático de direito, no qual cada um tem o direito de fazer sua profissão de fé política ou religiosa. Assim há ampla liberdade de posição política, de religião, mas sempre dentro dos limites da lei, do respeito aos direitos e garantias individuais.

Pedro Eurico adiantou que no Recife, por disposição de lei, os locais públicos são reservados às manifestações culturais, populares, desde que sejam obedecidos os pressupostos legais, no caso um pedido, a licença, para sua realização. No episódio do Morro da Conceição – afirmou – o deputado Gilvan Costa agrediu a comunidade católica, fazendo proselitismo de sua crença.

Pedro Eurico criticou tal postura do parlamentar, do seu grupo evangélico, alertando que no Oriente Médio, no Leste Europeu, os conflitos religiosos têm provocados guerras, instabilidade, fato que não ocorre no país e que deve motivar a união de todos para enfrentar a violência, a pobreza, as mazelas sociais, e deixar de lado a disputa religiosa.

O deputado Antonio Moraes, em aparte, expressou sua solidariedade com a posição de Pedro Eurico, com os católicos do Morro da Conceição, enquanto Pedro Eurico voltou a lembrar que naquele bairro convivem espíritas, umbandistas, evangélicos, católicos, num ambiente de respeito, de fraternidade e solidariedade.

Gilvan Costa alegou, em sua defesa, que a Constituição garante o direito de pregar o Evangelho e que, no episódio, estava fazendo uma pregação contra as drogas, levando uma mensagem de esperança que é parte de um evento que realiza há 11 anos. Ele criticou a lei municipal citada por Pedro Eurico, lembrando que ela discrimina os evangélicos. (Nagib Jorge Neto)