Oposição estranha ausência de concorrência

Em 18/02/2000 - 00:02
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Oposição estranha ausência de concorrência O líder do PSB, deputado Pedro Eurico, questionou se o momento tinha sido “o melhor” para a venda da Celpe. “Não sou leviano para dizer que o Governo tramou esta privatização. Mas era preciso ter havido mais parcimônia no processo. Não se estabeleceu uma verdadeira concorrência e uma única empresa se interessou pela empresa”, ponderou, lembrando que a Celpe era considerada “o grande negócio do ano”.

Feitas as críticas, Eurico passou a cobrar do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) “critério” na destinação dos recursos. “Resta-nos agora cobrar do Governo que o dinheiro seja exemplarmente aplicado em obras verdadeiramente estruturadoras”, apontou.

Mais incisivo, o deputado Jorge Gomes (PSB) lamentou que “a montanha tenha parido um rato”, referindo-se ao, segundo ele, baixo preço obtido pela ex-estatal. “Hoje, a Celpe foi vendida por um preço inferior ao avaliado pelo BNDES há dois anos”, atacou.

O parlamentar também criticou o uso de parte dos recursos para a duplicação da BR-232. “Essa obra importantíssima tem que ser feita com recursos federais, como está sendo feito na Paraíba”, opinou. “Mas isso é porque FHC é amigo de Jarbas”, ironizou.

O deputado Ranilson Ramos (PPS) também mostrou preocupação com a aplicação dos recursos da Celpe. “No caso da 232, o investimento tem que ser feito como forma de crédito junto ao Governo Federal”, assinalou, lembrando que o Estado do Paraná está sendo indenizado pelos recursos aplicados na recuperação de rodovias federais.

Apesar dos ataques feitos, os parlamentares de oposição apoiaram a aplicação dos recursos em obras que “tragam desenvolvimento para o Estado”.

“Sinceramente, o que queremos é a aplicação criteriosa e que o Governo federal cumpra sua parte nas obras”, completou Pedro Eurico.

O deputado João Paulo (PT) condenou ontem, na Assembléia Legislativa, a venda da Celpe, que considerou um escândalo “pois só existia um comprador e o governo sabia desse fato desde novembro, revelando o quanto o processo está comprometido”, configurando um verdadeiro assalto ao patrimônio do povo pernambucano.

João Paulo ressaltou que os pernambucanos precisam saber que a Celpe é uma empresa modelo, com índices de produtividade invejáveis, superavitária, detendo a condição de quarta distribuidora de energia do país, “uma jóia rara vendida a preço de banana”, ou seja, um grave erro do governo Jarbas Vasconcelos, que decidiu vender a melhor estatal de Pernambuco.

O deputado José Queiroz (PDT) reafirmou ontem, na Assembléia Legislativa, sua posição contrária à privatização da Celpe, medida que considerou uma perda para o Estado do seu mais importante ativo, pois a empresa há muito tempo operava eficientemente, sempre com lucro, sendo um importante instrumento de desenvolvimento.

José Queiroz lembrou que, no governo passado, sugeriu a venda de apenas 49% das ações da empresa, levando em conta que durante 35 anos a Celpe eletrificou 70% da área rural, fez 321 mil ligações para a população pobre, executando programas que agora ninguém sabe se vão continuar, pois nunca se ouviu falar de empresa privada cumprindo programa social. (Marconi Glauco/Nagib Jorge Neto)