O secretário estadual de Defesa Social, general Adalberto Bueno da Cruz, considera que “houve violência de ambas as partes (sem-terra e PMs)” no conflito do último dia 20, na frente da sede do Incra, nos Aflitos.
“Humildemente, eu reconheço que houve exagero por parte dos militares. Por que vocês não fazem o mesmo?”, indagou, dirigindo-se aos representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), presentes à audiência pública promovida pela Comissão de Defesa da Cidadania. Bueno informou que 12 PMs saíram feridos e quatro veículos da corporação foram danificados durante o episódio.
O secretário salientou que é dever do Estado manter a ordem pública e, havendo necessidade, a polícia terá que reprimir manifestações que promovam a desordem.
“Dessa forma, estaremos tão somente cumprindo nosso dever”, observou o general.
Na opinião do secretário, nada teria acontecido se os manifestantes tivessem seguido a orientação dos policiais do Batalhão de Trânsito.
Esses, na tentativa de controlar o tráfego nas proximidades do Incra, proibiram que o carro-de-som, a serviço do MST, estacionasse na frente da sede do órgão.
“Por que só houve violência na frente do Incra e, como vocês mesmos garantiram, não ocorreu conflito na frente do Consulado Americano ou no campus da Universidade Federal de Pernambuco, onde os trabalhadores também se concentraram?”, questionou Bueno, que também desconhece a existência de que algum sem-terra tenha sido ferido a bala durante a confusão.
O promotor Gilson Barbosa, um dos representantes do Ministério Público na audiência, informou que o órgão vai apurar esse episódio. Entretanto, ele estranha que o inquérito tenha sido instaurado pela Polícia Federal. “Não houve qualquer dano contra o patrimônio do Incra, ou mesmo da UFPE, órgãos federais.
Muito pelo contrário, o patrimônio do Estado foi que sofreu prejuízo. Portanto, a competência para investigar seria da Polícia Civil”, argumentou. (C L)