
PROJETO DE RESOLUÇÃO 1778/2021
Concede a Medalha do Mérito Democrático e Popular Frei Canea, ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano - IAHGP.
Texto Completo
Art. 1º Fica concedida a Medalha do Mérito Democrático e Popular Frei Caneca, Classe Ouro, nos termos que dispõe a Resolução 855, de 28 de fevereiro de 2008, ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano – IAHGP.
Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Justificativa
O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, associação fundada em 1862, situado na Rua do Hospício, 130, Boa Vista, Recife - PE - CEP.: 50060-080, é uma das mais antigas e atuantes instituições culturais do país. É o Instituto Histórico estadual mais antigo, sendo superado em primazia apenas pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Foi a instituição pioneira na sistematização dos estudos sobre a história de Pernambuco e dos estados vizinhos, bem como na preservação das fontes e dos fundos bibliográficos de interesse para nossa história.
Antecipando as atuais preocupações com o patrimônio histórico, empenhou-se na luta pela identificação, estudo e preservação de alguns dos mais importantes sítios históricos de nosso estado. Permanece nesta luta até os dias de hoje, pois, apesar de todos os avanços vivenciados por nossa sociedade, ainda não se desenvolveu plenamente a consciência da importância da história de um povo na construção do futuro de uma nação.
O Instituto Arqueológico é hoje um centro de referência para pesquisadores de várias áreas do saber, oriundos não só de Pernambuco, mas de outros estados do país e de países estrangeiros. Seus vastos fundos documentais e bibliográficos atraem pessoas interessadas em estudar e divulgar conhecimentos sobre o nosso passado e nossa herança cultural. Seu acervo museológico tem sido utilizado com fins didáticos e turísticos, recebendo numerosas visitas.
Seu ato constitutivo representou um grande marco na sociedade pernambucana e um importante resgate dos registros históricos do Estado. Em 1880 cinco fundadores anunciaram intenção de manter o acervo histórico pernambucano, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, que inclusive, já havia adquirido alguns documentos holandeses de origem pernambucana.
Notaram os fundadores, que alguns papéis já haviam se perdido e, como não pudessem suportar a ideia de ver o patrimônio histórico pernambucano dissipado, buscaram reuni-los num acervo encravado no coração do Recife.
Joaquim Pires Machado Portela, fundador-mor do IAHGP, declarara, à época que, “mais que a qualquer província”, estes papéis e textos “deviam interessar a Pernambuco, de cuja história no dito ano [1861] e perante o mesmo Instituto [Brasileiro] se ocupara o cônego Fernandes Pinheiro”.
O convite para formar a instituição circulou entre os potenciais integrantes de uma sociedade com o perfil proposto mas, para evitar “algum fiasco”, Portela e Salvador Henrique de Albuquerque empenharam-se diretamente em reforçar o convite por meio de cartas e de contatos pessoais nas vésperas da reunião inaugural.
O Diário de Pernambuco de 22 de janeiro repercutia a iniciativa, divulgando a data e local da sessão inaugural:
“As ideias que (...) lançamos acerca da necessidade de criação de uma sociedade dos antiquários desta Província afinal germinaram e vão ter uma realidade com a constituição dela (...). O dia 28 corrente, aniversário da Restauração desta província do jugo holandês, tem de presenciar esta festa com a instalação da referida sociedade no salão do Convento do Carmo, ocupado pela Biblioteca Provincial e assim o sol desse dia tem daqui por diante de representar mais uma conquista (...).”
O presidente interino Joaquim Pires Machado Portela proferiu discurso em que apontou o ideário que norteava a iniciativa de constituir a Sociedade Arqueológica Pernambucana, alertando para o fato de que a história pátria era merecedora de nossa “mais particular atenção”.
Devia-se estimular o desenvolvimento dos estudos para “torná-la a mais completa possível”. Para tanto, era mister “esquadrinhar esses fatos ignorados, colher e purificar no crisol de judiciosa crítica essas tradições esparsas, pesquisar esses documentos negligenciados, descobrir esses monumentos que tenham significação histórica, comemorar enfim, tudo o que tiver dado ou puder dar nome e glória ao país”.
De forma sutil, mas decidida, Portela deixa transparecer o desejo de que se produza conhecimento histórico na perspectiva de Pernambuco, “evitando que tais preciosidades se percam, ou que mão estranha e parcial proceda a sua exploração, de modo para nós talvez inglório (...) por ser mais fácil e exata a sua investigação e verificação de fatos no próprio teatro em que aconteceram”.
O presidente interino deixava assim entrever o mal-estar provocado em Pernambuco e a reação às tentativas do Cônego Fernandes Pinheiro de pôr em questão, junto ao IHGB, a memória e os ideais da Revolução de 1817 e de reabilitar a figura do General Luiz do Rego Barreto.
O IAHGP chamou para si a responsabilidade de atuar como locus da preservação dos vestígios do passado pernambucano e da produção de conhecimento histórico. A província já contava, entretanto, com alguma produção historiográfica anterior, da qual é excelente exemplo a própria História da Revolução de Pernambuco de 1817, de autoria de Muniz Tavares.
Podem-se destacar ainda, entre outras obras, a Escola de Heróis do Cônego José do Carmo Barata (1826), as Memórias Históricas da Província de Pernambuco de J. B. Fernandes Gama (1844-1847), Os Mártires Pernambucanos de Joaquim Dias Martins (1853), a Memória Histórica e Biográfica do Clero Pernambucano do Pe. Lino do Monte Carmelo Luna (1857), além de traduções e comentários de documentos manuscritos.
Competia ao IAHGP conduzir o estudo de todas as fontes históricas e vestígios arqueológicos que elucidariam o passado de Pernambuco à luz da moderna prática historiográfica.
O resgate da rica história local constituiria a legitimação da importância da província no contexto político imperial, espaço de afirmação que Pernambuco perdia para o eixo centro-sul que girava em torno da Corte. O papel de centro econômico e político no âmbito regional também aparece na intenção dos primeiros sócios de conduzir estudos sobre as províncias do Norte, uma vez que o Recife era “um foco aglutinador de vivências e interesses das elites setentrionais do Império”.
Com estes objetivos em mente, o IAHGP trouxe para os seus salões as celebrações cívicas tradicionais, procurando legitimá-las como fundamentais para a construção e a valorização da nacionalidade, vista a partir de um prisma local e sob o ângulo da nascente cientificidade da História.
Com isso o IAHGP, mais do que qualquer outra instituição, merece ser reconhecida e condecorada com a comenda que leva o nome de Frei Caneca, por ser uma das mais relevantes instituições que atuam na defesa da preservação dos ideais históricos que permearam os mais proeminentes líderes revolucionários pernambucanos.
APOIAMENTO
Doriel Barros
Dulci Amorim
Teresa Leitão
Marcantonio Dourado Filho
Pastor Cleiton Collins
Professor Paulo Dutra
Roberta Arraes
Rogério Leão
Romário Dias
Romero Albuquerque
Simone Santana
Tony Gel
Waldemar Borges
João Paulo
João Paulo Costa
Joaquim Lira
Eriberto Medeiros
José Queiroz
Laura Gomes
Guilherme Uchoa
Henrique Queiroz Filho
Fabíola Cabral
Fabrizio Ferraz
Diogo Moraes
Delegada Gleide Ângelo
Adalto Santos
Aglailson Victor
Aluísio Lessa
Antônio Moraes
Antonio Fernando
Clodoaldo Magalhães
William Brígido
Pastor Cleiton Collins
Histórico
Isaltino Nascimento
Deputado
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | AUTOGRAFO_PROMULGADO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 12/02/2021 | D.P.L.: | 7 |
1ª Inserção na O.D.: |
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