Representantes dos professores e dos trabalhadores em educação acompanharam a reunião plenária da Alepe, nesta quarta, para pressionar os deputados a votar o projeto de lei do Poder Executivo que reajusta o piso salarial da categoria. Nas últimas semanas, um impasse entre parlamentares governistas e de oposição tem gerado o esvaziamento do plenário, impossibilitando o quórum mínimo para votações. Coronel Alberto Feitosa, do PL, disse que a origem do embate é a não aprovação do projeto que autoriza o Estado a contrair novo empréstimo de R$ 1,5 bilhão. Feitosa justificou que o Governo deve gerir melhor os valores já contratados e pediu que os professores peçam respostas à governadora. “Saiam daqui e vão cobrar lá na frente do Palácio, sobretudo a Casa Civil, que os deputados estejam aqui porque pautado está.”
Waldemar Borges, do PSB, explicou que antes de votar o projeto autorizando o empréstimo, alguns deputados aguardam resposta a pedidos de informação sobre valores contratados anteriormente. “Querer negar o direito a ter acesso a informações elementares, é para lá de querer ser imperial, autoritária. Dê as informações, responda os pedidos de informações. Não queira nos encurralar, criando essas narrativas falsas.”
Cayo Albino, do PSB, fez questionamentos à governadora Raquel Lyra sobre os empréstimos já autorizados. “É verdade que o Governo do Estado, levou 15 meses após a assinatura, para solicitar o primeiro crédito? É verdade que, em razão disso, o Estado perdeu o prazo de carência? É verdade que dos R$ 1,7 bilhão que deveriam ser captados até 2024, até o presente momento, apenas R$ 600 milhões foram efetivados? É verdade que o valor restante de R$ 1,1 bilhão de reais só pode ser solicitado até o próximo dia 5 de julho?”
Delegada Gleide Ângelo, do PSB, apontou a falta de diálogo praticada pelo Governo do Estado. “Não existe diálogo, nosso grande problema hoje no estado de Pernambuco é a falta de diálogo com gestores, com os trabalhadores e as coisas não podem ser feitas sem diálogo. Estamos aqui para intermediar, mas não podemos mandar um projeto para a Casa, porque quem pode mandar mandou e na hora de votar faz isso e então, dá no mesmo, não fez nada.”
Dani Portela, do PSOL, cobrou o diálogo entre as partes e sugeriu que os professores e deputados exijam a aprovação do projeto. [00:36:40 – 00:36:52] “Defenda a educação, aprove o reajuste e respeitem essa categoria de luta. Por uma educação pública, plural, inclusiva e de qualidade. Viva o Sintepe.”
Renato Antunes, do PL, cobrou responsabilidade do Parlamento e fez um apelo para que os chefes dos poderes Executivo e Legislativo cheguem a um consenso. Ele lamentou que os profissionais da educação estejam sendo usados para a antecipação do debate eleitoral. “Trabalhar e valorizar os profissionais da educação vai além do discurso. É preciso orçamento, mas orçamento na promessa que não vira lei é falta de respeito. Até então, o que se vê é falta de respeito, porque os 6,27% prometidos na base ainda não viraram lei. E, se não virou lei, vocês ainda estão na ilegalidade por estarem recebendo fora do piso.”
João Paulo, do PT, pediu o destravamento de pautas importantes para a população. “Eu acho que o cerne dessa discussão e desse travamento aqui, a meu ver, ele está ligado justamente numa antecipação do processo eleitoral, queiram ou não queiram os juízes. E essa disputa, ela vem se acirrando, há prejuízos já significativos para o Estado e que podem se agravar ainda mais.”
Rosa Amorim, também do PT, alertou que os professores correm o risco de não ter o reajuste incorporado na próxima folha de pagamento. Ela cobrou mais responsabilidade dos deputados com a categoria.