Falta de medicamentos para pessoas com autismo é discutida na Alepe

Em 12/06/2025
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Dificuldades enfrentadas pela população neurodivergente para ter acesso a medicações distribuídas pelo Governo do Estado, por meio da Farmácia de Pernambuco, motivaram audiência pública na Alepe, na última quarta. O encontro foi realizado pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Saúde e Defesa da Pessoa com Deficiência. A neurodivergência é um termo que descreve a diversidade no funcionamento do cérebro, abarcando pessoas com autismo, TDAH, dislexia, entre outras.

Relatos de pacientes e familiares demonstram que alguns remédios não são encontrados em vários centros de distribuição. O problema é ainda mais grave no interior do Estado. Coordenadora-geral da associação Mobiliza-TEAPE, Pollyana Fittipaldi informou que há locais em que as medicações não chegam há três meses. O que eu estou pedindo é que o Estado faça o que ele tem que fazer, que ele chegue onde tem que chegar. E não é porque uma cidade é pequena, com uma população pequena, que ela não é importante. A gente tem que lembrar que o sofrimento que acontece na capital acontece também no interior.” 

A presidente da Associação dos Autistas de Carpina, Adriana Campelo, denunciou as dificuldades encontradas no município da Mata Norte. A gente tem que se deslocar de Carpina para Limoeiro. E já vai fazer quase dois meses que está faltando essa medicação lá. Muitas dessas mães, às vezes, só recebem o Bolsa Família, não conseguiram ainda o recurso do BPC.”

Advogado de pessoas atípicas, Márcio Marconi ressaltou que Pernambuco descumpre a Constituição Federal e a Carta Magna estadual ao não fornecer as medicações. Saúde não é favor, saúde não é caridade. É um direito de todos, um dever do Estado. O Estado tem esse dever, de prover. É o que rezam as normas da Carta Constitucional pernambucana e as legislações internacionais das quais o Brasil é signatário.”

Representando o Governo do Estado, o diretor-geral de Assistência Farmacêutica, Jean Batista, explicou que a administração pública segue o que é determinado por lei. Segundo argumentou, cada ente – União, Estado e município – tem uma responsabilidade na aquisição e distribuição de medicamentos. Portanto, nem todos são fornecidos pela gestão pernambucana. A dificuldade da aquisição do medicamento no País é uma realidade. Se abrirem, nesse exato momento, qualquer site e procurar, vocês vão ter desabastecimento no Brasil do Acre ao Rio Grande do Sul. E não é porque os gestores não querem comprar o medicamento. É porque eles não conseguem.”

Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Mário Ricardo, do Republicanos, frisou que o Estado precisa tomar providências. É inadmissível, no tempo de hoje, onde você tem delivery para tudo, se entrega tudo, as pessoas terem que se deslocar de um município até uma regional para pegar um medicamento. E com todas as dificuldades que o senhor sabe que existe de uma mãe atípica, de um pai atípico.”

O deputado Pastor Cleiton Collins, do PP, reconheceu os esforços da gestão estadual e se colocou à disposição para ajudar. Socorro Pimentel, do União, líder do Governo na Casa, informou que a burocracia não pode ser impedimento para que as famílias tenham a dignidade que merecem. Todas as necessidades e as demandas que vocês colocaram aqui serão levadas à secretária de Saúde, Zilda Cavalcanti, que tem demonstrado muita transparência e muita dedicação para resolver os problemas.”

Também esteve presente no debate o presidente do colegiado de Saúde, o deputado Sileno Guedes, do PSB