Defensores dos intervalos bíblicos destacam reflexo da prática na saúde mental dos estudantes

Em 16/12/2024
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A Assembleia Legislativa voltou a debater, nesta segunda, a realização dos chamados “intervalos bíblicos” nas escolas da rede estadual. Desta vez, as comissões de Saúde e de Educação promoveram uma audiência pública conjunta para avaliar os impactos no bem-estar emocional dos estudantes.

Os intervalos bíblicos acontecem no horário de pausa das aulas, quando os alunos se unem para estudar a bíblia e entoar hinos religiosos. É o caso de Micaías Barreto, aluno da Escola estadual Pedro Barros Filho, em Jaboatão dos Guararapes. Mas o que é o intervalo bíblico? É o tempo que  a gente tira – onde a gente poderia estar jogando bola, a estar no banheiro, fazer coisa errada, mas a gente tira esse tempo para orar. E queira ou não queira, é um dos instrumentos que tem tirado muita gente de uma das piores doenças do século que tem atacado muito adolescente que é a ansiedade e depressão.”

Presidente da Comissão de Saúde, o deputado Adalto Santos, do PP, defendeu que há benefícios do ritual no desempenho acadêmico dos estudantes. “Sabemos que as práticas de reflexão religiosa, que envolvem momentos de profundo conhecimento da palavra de Deus, têm o poder de produzir e melhorar o foco e promover a resiliência emocional.  Podemos contribuir na formação de um indivíduo mais equilibrado emocionalmente, capaz de lidar com os desafios da vida com mais serenidade e clareza. 

O psicólogo, pastor e pesquisador na área de Teologia Jades Júnior citou estudos que demonstram a associação positiva entre espiritualidade  e saúde. No mesmo sentido, o pastor Isaac Silva falou da importância dos encontros para combater a depressão, que vem crescendo entre os jovens.

Membro do colegiado de Educação, o deputado Renato Antunes, do PL, lamentou que haja questionamentos relacionados à realização dos intervalos. 

O promotor Salomão Ismail Filho, da promotoria de Justiça e Cidadania do Ministério Público de Pernambuco, relatou que o órgão foi provocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado para averiguar situações como o uso de som alto em algumas escolas, a participação de docentes, além da presença de pessoas de fora da comunidade escolar. Mas o promotor reforçou  o mesmo esclarecimento dado na audiência promovida pela Comissão de Segurança Pública da Alepe na semana passada, de que a atuação do Ministério Público é somente para fiscalizar possíveis abusos, e não proibir os intervalos. 

Em momento algum a nossa intenção foi proibir ou vedar os intervalos religiosos que estejam acontecendo no âmbito da rede estadual de ensino. Agora, entendam, o Ministério Público é um órgão de ouvidoria social. Da mesma forma se tivesse chegado para nós um grupo de estudantes ou de pastores que dissessem estar sendo perseguidos, eu também iria acompanhar e entender o que estava acontecendo e ouvir o gestor da escola ou a gestora.”

Gerente de saúde mental da Secretaria estadual de Saúde, André Domingues de Assis alertou para a necessidade de promover o respeito à diversidade religiosa. Entendemos que uma forma adequada que garanta o respeito à laicidade do estado mas também a liberdade religiosa, seria essa oferta de mais disciplinas de sociologia e filosofia, que pudessem contribuir para a formação de um pensamento crítico desta juventude. E que, desta forma, possam fazer suas escolhas e exercitar sua fé, sua crença, de uma forma saudável e respeitosa, garantindo a diversidade religiosa.”

Também participaram da audiência o deputado licenciado Pastor Cleiton Collins, do PL, e o deputado federal Eduardo da Fonte, do PP de Pernambuco. O deputado Joel da Harpa, do PL, lamentou a ausência de representantes do Sintepe no debate.