
CULTURA – Homenagem ao artista contou com apresentações de música e capoeira. Fotos: Giovanni Costa.
A primeira sessão solene do ano da Alepe, realizada nesta terça (20), prestou reverência à vida e obra de Naná Vasconcelos. Falecido em 2016, o pernambucano foi um dos mais célebres músicos do Brasil, tendo sido eleito oito vezes, entre 1983 e 1990, o melhor percussionista do mundo pela revista Down Beat, considerada a Bíblia do Jazz.
A solenidade, que contou com a presença de familiares, admiradores e fãs do instrumentista, teve origem na proposição apresentada pelo deputado Kaio Maniçoba (PP) e marcou a passagem dos 80 anos de Naná Vasconcelos, que serão comemorados ao longo de 2024.

RECONHECIMENTO – “Naná Vasconcelos era um ícone da música”, disse o deputado Kaio Maniçoba, que propôs a homenagem.
“Estamos aqui hoje na Alepe para celebrar e homenagear Naná e tudo o que ele representou para a cultura. Grande percussionista de Pernambuco, ele era um ícone da música, que merece todo nosso reconhecimento”, destacou o parlamentar.
“Agradeço muito à Alepe e ao deputado Kaio Maniçoba por essa homenagem. A celebração em torno dos 80 anos de Naná Vasconcelos mostra a importância do legado e da obra deixada por ele. Espero voltar em breve para dar continuidade às comemorações”, disse Patrícia Vasconcelos, viúva e curadora da obra de Naná, que mora em Nova Iorque.
A solenidade contou com a exibição de um vídeo com um breve histórico do homenageado e apresentação dos músicos Alexandre Barros e Lasserre, e dos alunos da Escola de Capoeira Mestre Perna Pesada. Marcaram presença no evento o pró-reitor de Extensão, Cultura e Cidadania da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Moises de Melo Santana; e o cantor Ed Carlos.

MEMÓRIA – Viúva de Naná, Patrícia Vasconcelos lembrou das comemorações em torno dos 80 anos do artista.
Naná 80 – Dentre as atividades já programadas, constam a catalogação da obra de Naná Vasconcelos, que será viabilizada por meio de uma emenda parlamentar do deputado João Paulo (PT); a inauguração de uma sala dedicada ao músico no Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro (Muafro), no Recife Antigo; uma série de palestras e seminários na Cátedra Naná Vasconcelos, recém-inaugurada na UFRPE; e uma exposição sobre o percussionista prevista para entrar em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, no segundo semestre de 2024.
Trajetória – Nascido no Recife, em 2 de agosto de 1944, Juvenal de Holanda Vasconcelos aprendeu a tocar sozinho ainda na infância. Aos 12 anos, apresentava-se profissionalmente em bares e clubes. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 60, onde se apresentou com grandes artistas, como Milton Nascimento e Gal Costa.
Já na década de 1970, morou entre Nova Iorque e Paris. Nessa fase, ganhou grande projeção mundial com a realização de shows históricos nos Estados Unidos e no prestigiado Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça.
Entre os anos de 2002 e 2016, o ritmista, que sempre manteve forte ligação com a cultura popular de Pernambuco, consagrou-se como o mestre de cerimônias do Carnaval do Recife, regendo dezenas de nações de maracatu sob o palco do Marco Zero, em um belíssimo encontro de cortejos que tradicionalmente marca a abertura oficial da folia na cidade.
Em 2015, Naná Vasconcelos recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFRPE. O artista faleceu na capital pernambucana, no dia 9 de março de 2016, aos 71 anos de idade, devido a complicações causadas por um câncer de pulmão.
Grande painel – Em novembro de 2023, a Rua do Príncipe, contígua à Alepe, ganhou um mural intitulado “Naná Vasconcelos, Sinfonia e Batuques”, pintado pela artista Micaela Almeida. A pintura muralista destaca vividamente o músico recifense com o seu inseparável berimbau, preenchendo os 200m² da fachada do Edifício Guiomar, localizado no bairro da Boa Vista, em frente ao Parque 13 de Maio.
Há ainda no Marco Zero do Recife, grande palco das apresentações dos encontros de maracatus promovidos por Naná no Carnaval, uma estátua do músico.

DESTAQUE – Painel da artista Micaela Almeida eterniza figura de Naná no cenário do centro do Recife. Foto: Rennan Peixe/Prefeitura do Recife