
RESPONSABILIDADE – “Se existe um culpado para o caos que vivemos em Ipojuca, esse é o Governo de Pernambuco”, disse Romero Sales Filho. Foto: Roberto Soares
Protestos e atos de vandalismo registrados em Ipojuca (Região Metropolitana do Recife), na última semana, repercutiram na Reunião Plenária desta terça (5). As manifestações ocorreram após a morte de uma menina de seis anos, vítima acidental de um confronto entre o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e suspeitos de tráfico de drogas.
Para o deputado Romero Sales Filho (PTB), o episódio revela deficiências na gestão estadual. João Paulo (PCdoB), por sua vez, criticou a política de combate às drogas vigente no Brasil. Já o Coronel Alberto Feitosa (PL) refletiu sobre os reflexos no turismo, enquanto Rodrigo Novaes (PSB) destacou ações que vêm sendo promovidas pelo Estado na localidade.
“Se existe um culpado para o caos que vivemos, esse é o Governo de Pernambuco, que geriu a crise com amadorismo e desrespeito à população”, alegou o petebista. Na avaliação dele, o Estado demorou a agir para conter a situação, falhando, ainda, na decisão anterior de remanejar o Bope de Ipojuca para o município do Cabo de Santo Agostinho. “A mudança foi antecipada e sem planejamento. Pagamos com vidas o desmonte nas operações daquela unidade”, avaliou.

DROGAS – Para João Paulo, “criminalização e proibicionismo causam efeitos piores na sociedade”. Foto: Roberto Soares
Ainda segundo Sales Filho, a Prefeitura tem atuado na área, investindo em reforço e treinamento da Guarda Municipal, bem como em câmeras de videomonitoramento. “Precisamos, entretanto, de uma redefinição na política de segurança pública do Estado. É urgente um novo paradigma capaz de frear a escalada da violência, com investimentos em prevenção e inteligência.”
João Paulo solidarizou-se com os familiares da vítima e fez uma análise do modelo brasileiro de criminalização do uso de drogas. “Prender e exterminar a juventude negra tornou-se nossa política de Estado. E é das periferias que vêm as vítimas dessa guerra sem vencedores”, observou. “Há outros meios de encarar o consumo de substâncias ilícitas sem deixar de combater o crime organizado”, acrescentou.
Para o parlamentar, a questão deve ser tratada sob a ótica de saúde pública. “Tenho defendido a instalação de Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) e de redes de acolhimento aos usuários, numa política de redução de danos”. Ele destacou, por fim, que 25% da população carcerária brasileira é proveniente de delitos relacionados a entorpecentes. “Pessoas com pequenas quantidades da substância são confundidas por traficantes pelo sistema penal, perpetuando um ciclo de violência”, pontuou. “A criminalização e o proibicionismo causam efeitos piores na sociedade do que aquilo que dizem combater.”
Reflexos no turismo

OMISSÃO – “O povo de Ipojuca não teve uma palavra do governador. Ele faz vista grossa para tudo o que aconteceu”, afirmou Alberto Feitosa. Foto: Roberto Soares
Quando assumiu a tribuna, o deputado Coronel Alberto Feitosa atribuiu o fechamento do comércio e de empreendimentos ligados ao turismo em Porto de Galinhas a ordens que partiram de criminosos. Ele lamentou o cancelamento de reservas em hotéis e casas de veraneio por conta do clima de insegurança no balneário. “Isso ocorre porque o Governo é fraco e a criminalidade, forte. É desmando, falta de autoridade e de poder para enfrentar, de fato, o crime organizado”, afirmou.
O parlamentar condenou o que considera “falta de respostas” do Governo Paulo Câmara, acusado por ele de abandonar as Polícia Militar e Civil, que estariam com efetivo defasado. “O povo de Ipojuca não teve uma palavra do governador. Ele faz vista grossa para tudo o que aconteceu, está acuado no Palácio. O recado que se passa é o de que, em Pernambuco, o crime compensa.”
Já Rodrigo Novaes enfatizou os resultados de diversas ações de segurança em Porto de Galinhas. De acordo com o socialista, os dados estaduais contabilizaram, em 2020, o menor quantitativo de roubos da história na localidade. “Em 2021, ainda conseguimos baixar em mais 7% esse indicador. Houve, também, redução de 33% no índice de homicídios na praia”, elencou.

REPRESSÃO – Rodrigo Novaes destacou a Operação Smurfing, promovida pela Polícia Civil para combater o tráfico de drogas na região. Foto: Roberto Soares
O deputado destacou, ainda, a Operação Smurfing, promovida pela Polícia Civil para combater o tráfico de drogas em Ipojuca e região. A ação foi deflagrada no dia 17 de março. “Houve apreensão e bloqueio, em ativos, de cerca de R$ 1 bilhão, com ataques à célula financeira do tráfico em Porto de Galinhas. O incômodo maior dos criminosos foi a presença do Bope no local, com cerca de 250 agentes e helicópteros. Esses profissionais não sairão de lá”, informou.