
MEC – Socialista condenou bloqueio de R$ 2,7 bilhões e convocou colegas a lutar para recompor Orçamento. Foto: Nando Chiappetta
“Um dos maiores ataques do Governo Federal à nação.” Assim o deputado Isaltino Nascimento (PSB) classificou o contingenciamento de verbas que o Ministério da Educação (MEC) impôs às universidades públicas brasileiras. Na Reunião Plenária desta quinta (13), o parlamentar criticou o bloqueio de R$ 2,7 bilhões do setor e convocou os colegas a se engajarem na luta pela recomposição do Orçamento.
“Esse dinheiro serviria para manter contas básicas, como as de luz, água, internet, limpeza e segurança. Vai haver um colapso. Os reitores já enxugaram tudo o que podiam” alertou o socialista. Ele lembrou que, atualmente, o Brasil possui 17 projetos de vacinas em universidades, entre outras tecnologias e serviços prestados por institutos de pesquisas públicos. “Imagine perder tudo porque a luz foi cortada?”
Além disso, o MEC também teria bloqueado parte dos recursos que financiam pesquisas e bolsas. “Sabemos que 25% dos estudantes universitários vêm de famílias com renda inferior a meio salário mínimo, e 50% são oriundos de lares com até um salário mínimo e meio. Sem esse apoio, eles irão abandonar os cursos”, acredita.
Nascimento frisou que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) terá um corte de 19%. “Em 2020, a instituição perdeu R$ 161 milhões do Orçamento e a previsão para 2021 é de uma redução de R$ 130 milhões”, apontou. Para o deputado, a Alepe deve se posicionar sobre o assunto.
O parlamentar ainda lamentou o que vê como desdém do presidente Jair Bolsonaro com relação aos estudantes e ao trabalho realizado pelas universidades públicas. Ele repudiou declarações que considera “absurdas”, a exemplo da afirmação de que “se produz droga e se planta maconha nos campi universitários”.

APARTE – “Descaso atinge vários setores e a população já começa a rejeitar essa administração”, pontuou Doriel Barros. Foto: Nando Chiappetta
Em apartes, alguns deputados apoiaram a fala. “Desde o início, este Governo promove cortes de verbas e perseguição ideológica aos docentes. Já temos uma geração de órfãos da Covid-19 e poderemos ter outra, da educação”, enfatizou Teresa Leitão (PT). “O descaso atinge vários setores e a população já começa a rejeitar essa administração. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff fizeram o oposto, ampliaram investimentos”, pontuou Doriel Barros (PT). “A intenção é fechar as universidades, mas não vamos permitir”, opinou Professor Paulo Dutra (PSB).
“Hoje, os conflitos se dão entre os que dominam ou não o conhecimento. Se houver cortes no Orçamento das universidades, o Brasil vai continuar dependente”, avaliou Tony Gel (MDB). “Governo é marcado pela ignorância e falta de visão estratégica. Uma parte de nossos quadros científicos saiu do País por falta de oportunidades. Estamos retrocedendo”, queixou-se João Paulo (PCdoB).
“O desmonte do Estado é em todos os setores. Vamos nos unir em torno dessa luta”, destacou José Queiroz (PDT). “Em todos os países, educação é prioridade. Aqui, desde a gestão Michel Temer, só se fala em cortes. A população está cansada”, afirmou, por fim, Aluísio Lessa (PSB).
Em contraponto, Alberto Feitosa (PSC) observou que o corte previsto para a educação é menor do que o contingenciamento ocorrido em 2015. “Nesse ano da gestão Dilma Rousseff, o Orçamento do setor foi reduzido em R$ 9,4 bilhões”, comentou.