Juntas repudiam queimadas no Pantanal e exploração de terras indígenas

Em 24/09/2020 - 15:09
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AMAZÔNIA – “Desmatamento só aumenta e número de multas por crime ambiental caiu quase pela metade desde 2016”, disse Jô Cavalcanti. Foto: Jarbas Araújo

Titular do mandato coletivo Juntas (PSOL), a deputada Jô Cavalcanti criticou o aumento das queimadas no Pantanal, que atribuiu ao desmonte de políticas ambientais pelo Governo Federal. A parlamentar também se posicionou contra iniciativas do presidente Jair Bolsonaro visando à abertura de terras indígenas para atividades econômicas em grande escala, como mineração e agropecuária.

A psolista denunciou que os incêndios no Pantanal alcançaram o maior número, em um ano, na medição histórica feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Conforme destacou, foram identificados cerca de 15 mil focos e mais de 1,74 milhão de hectares queimados só no Mato Grosso. Ela registrou que o desastre, que também ocorre na floresta amazônica, atinge espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção que existem exclusivamente nesses biomas. 

Segundo Jô, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vem “destruindo a legislação ambiental para facilitar a expansão de atividades empresariais”, enquanto “operações militares são feitas para facilitar o escoamento de matérias-primas para exportação”. “Nenhuma grande ação foi feita para proteger a floresta e punir os criminosos na Amazônia, desde que os militares assumiram o comando em maio. O desmatamento só aumenta, e o número de multas por crime ambiental caiu quase pela metade desde 2016”, disse.

Com relação às políticas para os povos indígenas, a deputada criticou a paralisação das demarcações e a nomeação, para o comando da Funai, de chefias “sem nenhuma ligação com o setor”. Reforçou ainda que, embora o presidente defenda que as terras indígenas sejam abertas para atividades econômicas em grande escala, a mineração nessas áreas ainda não foi regulamentada – sendo, portanto, ilegal.

Alimentação – No mesmo discurso, a representante das Juntas enfatizou a recente alta nos preços dos alimentos. Jô Cavalcanti rebateu a tese do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o fenômeno reflete crescimento da demanda dos mais pobres. “O caso mais absurdo talvez tenha sido o do arroz, mas os produtos da cesta básica, como um todo, têm sofrido aumentos. E o Governo Bolsonaro se comporta, quanto a isso, com descaso e sarcasmo”, lamentou.

Para a parlamentar do PSOL, o auxílio emergencial evitou que as famílias “morressem de fome”, mas “não enriqueceu ninguém”. Ela criticou a redução do valor do benefício para R$ 300 e defendeu que os R$ 600 sejam mantidos, no mínimo, até dezembro.