População de Ibimirim reivindica obras para garantir abastecimento de água na região

Em 22/11/2019 - 17:11
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Audiência pública da comissão do meio ambiente em Ibimirim

AUDIÊNCIA PÚBLICA – Reunião, promovida pela Comissão de Meio Ambiente, lotou quadra poliesportiva e teve a participação de moradores, agricultores, representantes da Prefeitura, Compesa, Dnocs, Ministério Público, além de organizações da sociedade civil. Foto: Evane Manço

A Comissão de Meio Ambiente da Alepe discutiu nesta sexta (22), com a população de Ibimirim (Sertão do Moxotó), a escassez de água e as obras dos Governos Estadual e Federal na região. A audiência pública lotou a Quadra Poliesportiva João Inocêncio C. Lima e teve a participação de moradores, agricultores, representantes da Prefeitura, Compesa, Dnocs, Ministério Público, além de organizações da sociedade civil.

De acordo com moradores, o abastecimento de água ocorre, em média, a cada oito dias nas áreas atendidas pela Compesa. Eles apontam, ainda, falta de manutenção na infraestrutura hídrica, poços artesianos insuficientes e sem conservação, dependência de carros-pipa nas áreas rurais e necessidade de revitalização da Barragem Engenheiro Francisco Sabóia (Poço da Cruz). Neste caso, foram feitas reclamações também sobre o abandono do Perímetro Irrigado do Moxotó, que atende 564 pessoas.

Severino Anoro da Silva, morador da Agrovila IV, pediu a recuperação dos canais que levam água do Poço da Cruz, para que possa voltar a plantar. “Estamos sem água há mais de dez anos, com os canais todos secos, quebrados, entupidos, os lotes cheios de algaroba. Esperamos por uma solução do Governo que nos ajude a trabalhar e produzir. Estamos vivendo de cortar pé de algaroba, vender garrote, cabra velha pra fazer a feira, e a água aqui bem perto”, relatou. Francisco Manuel da Silva, do conselho gestor do Açude Poço da Cruz, solicitou a conclusão das obras da Transposição do Rio São Francisco até o reservatório.

Cacique o povo kambiwá, Josué Pereira da Silva reivindicou soluções para que o abastecimento no território indígena não dependa de carros-pipa. Ivanete Lima, da unidade demonstrativa da Agrovila VIII, reclamou que, há três anos, a bomba do poço está quebrada. “A gente tinha peixe, camarão, água boa para tomar. Hoje quem chega lá sai triste”, emendou. “Nós pagamos taxa de água, e a Compesa libera uma vez por semana. Não dá nem para encher a caixa d’água”, reforçou Alexandra da Silva, moradora do bairro da Boa Vista.

Gerente-geral da Compesa na região do Moxotó, Dênis Mendes disse que, em 2018, foi feita uma ampliação do sistema de abastecimento de Ibimirim, levando água para o Alto da Boa Vista. “Para resolver o problema do rodízio, temos um projeto quase concluído para a perfuração de dois poços. Com isso, chegaremos à oferta necessária. Estamos em fase de captação de recursos para fazer a licitação e executar o projeto”, explicou.

Entre os encaminhamentos da audiência, segundo o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Wanderson Florêncio (PSC), serão enviados ofícios para os órgãos estaduais e federais competentes pedindo informações sobre os projetos em andamento, prazos e orçamento. “Esse cenário não pode ser aceito. Nosso papel é compreender o que está se passando e ser um canal para que as coisas possam avançar, melhorando e trazendo qualidade de vida para a população”, observou.

Audiência pública da comissão do meio ambiente em Ibimirim

COBRANÇA – Deputados Wanderson Florêncio e Fabrizio Ferraz ouviram demandas. Colegiado enviará ofícios para órgãos estaduais e federais pedindo informações sobre projetos em andamento. Foto: Evane Manço

O prefeito José Adauto da Silva expôs ações para reduzir a necessidade de carros-pipa, como perfuração de poços. Ele apontou dificuldade de interlocução política com o Governo Federal, porém, para atender às demandas da população: “Nunca vi uma dificuldade tão grande de se conseguir poços para abastecimento e dar uma assistência para uso doméstico, os animais e a irrigação”. As críticas foram endossadas pela vice-prefeita Maria de Fátima dos Santos Lima, que afirmou que o sistema de abastecimento é o mesmo há 40 anos.

O técnico do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) José Wilton dos Santos entregou uma pauta de reivindicações que inclui a recuperação da estação de piscicultura, construção de poços para 4,5 mil famílias e implantação de 120 sistemas de dessalinização. O documento também pede estudos e projetos de readequação de barragens em Santo Antônio de Lima (Itapetim), Santo Agostinho (Tuparetama), Mari (Parnamirim), São Pedro (Itapetim) e Cajá (Flores).

O deputado Fabrizio Ferraz (PHS) detalhou a reunião de que participou, na última semana, na Compesa. “Solicitamos a conclusão das obras para levar água ao bairro da Boa Vista. Resta acompanhar o trâmite e cobrar a finalização do serviço”, explanou. Segundo ele, a empresa se comprometeu a terminar até dezembro a obra de uma adutora de 1,5 quilômetro, que levará água de Ibimirim para o bairro da Boa Vista.