Comissão Especial: deputados vistoriam barragens de Duas Unas e Goitá

Em 08/08/2019 - 15:08
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PREOCUPAÇÃO - Colegiado que verifica a situação desses equipamentos em Pernambuco foi instalado na Alepe após tragédia de Brumadinho. Foto: Nando Chiappetta

PREOCUPAÇÃO – Colegiado que verifica a situação desses equipamentos no Estado foi instalado na Alepe após tragédia de Brumadinho. Foto: Nando Chiappetta

As represas de Duas Unas, em Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana do Recife), e de Goitá, em Paudalho (Mata Norte), foram vistoriadas, nesta quinta (8), pela Comissão Especial da Alepe que monitora a situação das barragens em Pernambuco. Os dois empreendimentos são administrados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

As visitas técnicas foram acompanhadas pelo gerente de Segurança de Barragens da empresa, Hudson Pedrosa. Ele informou que a Compesa trabalha para cumprir as exigências da Política Nacional de Segurança de Barragens. “Em nossas inspeções, não encontramos nenhuma anomalia que comprometesse a estrutura desses reservatórios e pudesse causar o rompimento. Esse risco é muito pequeno. Porém, as análises apontam para a necessidade de algumas manutenções”, explicou o gestor.

A criação da Gerência de Segurança de Barragens da Compesa é uma medida recente. O presidente da Comissão Especial, deputado Antônio Moraes (PP), entende que a iniciativa é um efeito do trabalho do colegiado. “Estava tudo abandonado, não havia nenhum tipo de controle, manutenção ou planos de fuga”, observou. “Agora, com essa gerência, a gente já tem a quem cobrar, e isso vai ser organizado, haverá o cadastramento das represas e o acompanhamento.”

O grupo parlamentar que verifica a situação desses equipamentos em Pernambuco foi instalado após a tragédia de Brumadinho (MG). O objetivo é monitorar os reservatórios do Estado para evitar acidentes. A classificação de risco de Duas Unas e Goitá é alta, o que não significa perigo de rompimento. Essa avaliação leva em conta fatores como o porte da barragem e a frequência dos monitoramentos.

Confira reportagem especial sobre os impactos da tragédia de Brumadinho no Rio São Francisco

A geóloga Ranjana Yadav, assessora técnica da Comissão Especial, apontou a necessidade de manutenção dos equipamentos que têm sido vistoriados. “Muitas dessas barragens têm idade desconhecida, entre 40 e 50 anos, e nem o tempo de construção de algumas delas nós sabemos”, comentou. “Portanto, precisamos focar nos serviços que podem ser realizados daqui para frente, justamente para evitar tragédias maiores, como as que ocorreram em Brumadinho e Mariana.”

RELATÓRIO - “Observamos os mesmos problemas das demais represas: falta de manutenção, monitoramento e fiscalização”, disse Sales Filho (centro). Foto: Nando Chiappetta

RELATÓRIO – “Observamos os mesmos problemas das demais represas: falta de manutenção, monitoramento e fiscalização”, disse Sales Filho (c). Antônio Moraes (d), que preside colegiado, destacou criação da Gerência de Segurança de Barragens da Compesa. Foto: Nando Chiappetta

O relator do colegiado, deputado Romero Sales Filho (PTB), concorda que a falta de manutenção, verificada nas vistorias já realizadas, é o principal problema dos reservatórios de Pernambuco. “Assim como as demais represas que visitamos, observamos aqui os mesmos problemas: ausência de manutenção, de monitoramento constante e de fiscalização”, comentou. 

“Sabemos que são estruturas sólidas, feitas para não cair, mas a 40 anos de intempéries e sem manutenção nenhuma estrutura sobrexiste. A gente precisa dessa atenção maior de todos os órgãos competentes, não só da Compesa, mas também da Secretaria Estadual de Infraestrutura, da Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), da CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) e do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas) também”, complementou Sales Filho. Ao final dos trabalhos, o colegiado deve elaborar um projeto de lei para aprimorar a manutenção e reforçar a segurança das barragens em Pernambuco.