Pernambuco é o sexto estado do Brasil que mais elegeu mulheres proporcionalmente, com 20% das cadeiras do Legislativo Estadual ocupadas por elas. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que os pernambucanos ficaram atrás do Amapá, Roraima, Sergipe, Pará e Tocantins. Ainda assim, estão acima da média nacional, que é de 15%, alcançando a marca de dez deputadas estaduais eleitas em 2018, de um total de 49 cadeiras.
A deputada Teresa Leitão, do PT, conseguiu um feito inédito na Casa Joaquim Nabuco: ela foi a primeira mulher a se eleger por cinco mandatos consecutivos. Entre os homens, as reeleições subsequentes não são tão raras, o que confirma que o segmento feminino enfrenta mais dificuldade para se consolidar, como avalia a deputada Teresa Leitão. “Porque a política é um espaço não só majoritariamente masculino, como historicamente dominado pelos homens, as mulheres às vezes encontram algumas reações dissimuladas, não muito explicitadas, mas nada que nos impeça de desempenhar nossa função.”
A opinião é compartilhada pela cientista política e professora da UFPE, Ana Maria de Barros, que observa mais obstáculos nos mandatos parlamentares exercidos pelo segmento feminino. “Os espaços legislativos eles atrapalham sim. Nós vemos que várias mulheres encontram dificuldade de participar das Comissões lá dentro. Mas é importante que elas compreendam que elas estão chegando com o mesmo poder, e a partir daí começar a desbravar espaços. Infelizmente, onde as mulheres ocuparem espaço e poder, elas vão enfrentar o machismo, elas vão enfrentar a dominação de espaço por homens.”
Na Assembleia Legislativa de Pernambuco não é diferente. Apesar do machismo ainda existir, a presidente da Comissão da Mulher e deputada estadual reeleita, Simone Santana, do PSB, acredita que muitos avanços já foram alcançados na Alepe. “Eu avalio – uma avaliação pessoal – que a Casa está muito mais receptiva agora para as mulheres do que quando eu entrei. Eu acho que a gente fez um trabalho bem intenso, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher saiu da invisibilidade. O machismo vai existir implicitamente, mas eu acho que está um pouco melhor e deve melhorar mais ainda, porque nós aumentamos em número, então somos mais mulheres nos ambientes para desfazer, ou pelo menos rebater, essas atitudes machistas.”
As deputadas eleitas em 2018 chegam ao Poder Legislativo com mais força do que nunca: o número de mulheres vai ser o maior da história da Casa Joaquim Nabuco. Uma das formas de fortalecer esses mandatos é tratar as pautas de interesse feminino de forma suprapartidária, como defende a deputada Teresa Leitão. “As questões relacionadas ao direito das mulheres, às políticas públicas para mulheres, a questões polêmicas em relação às mulheres. Eu acho que isso nos fortalece internamente e dá a nossa representação um valor, valor agregado muito importante para que mais mulheres tentem também estar na política.”
Aumentar o número de representantes do segmento feminino nas Casas Legislativas é fundamental, mas conseguir que elas se consolidem, de fato, nos cargos eletivos é um desafio ainda maior. É o que explica a professora Ana Maria de Barros. “Chegar somente não significa muito. Elas precisam chegar, apresentar projetos de lei, participar de Comissões importantes, da vida cotidiana da Assembleia Legislativa. O jogo de poder é muito grande e é necessário estabelecer relações, vínculos e alianças para que suas pautas também possam ser apresentadas e aprovadas em forma de projeto de lei.”
Nas eleições deste ano, as pernambucanas já começaram a utilizar novas estratégias para aumentar a representatividade na política. O mandato coletivo, por exemplo, é uma das novas formas de ocupar espaço nas Casas Legislativas. Esse é um dos temas da próxima reportagem da série “Mulheres do Parlamento”.