
OBJETIVO – Comitê tem a participação de membros de órgãos públicos e da sociedade civil que pretendem estruturar uma política pública permanente para a região. Foto: Sabrina Nóbrega
A Comissão Especial que vai elaborar um plano hídrico para o Semiárido criou, nesta segunda (18), grupo de trabalho para realizar o levantamento demográfico e hidrográfico da região. O estudo, a ser realizado com a participação de órgãos públicos e da sociedade civil, orientará a estruturação de uma política pública permanente para o local.
“Os critérios para perfuração de poços e construção de barragens são, na maioria das vezes, políticos e eleitorais. É preciso mudar essa situação, saber o que precisamos fazer, onde, em que prazos e quais os recursos. Vamos criar uma política de Estado a fim de permitir o abastecimento para subsistência e produção no Semiárido”, explicou o presidente do colegiado, deputado Rodrigo Novaes (PSD).
A chefe do setor de Operações Agrícolas do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Kátia Távora Maia, sublinhou a importância de se pensar na sustentabilidade ambiental, com recuperação e conservação de áreas degradadas e bacias hidrográficas. “Os reservatórios estão sofrendo um processo de assoreamento [acúmulo de detritos] pela falta de cuidado com a região das bacias. É preciso evitar os processos erosivos e recuperar as áreas atingidas”, pontuou.
O órgão é responsável pelos maiores reservatórios de Pernambuco, além de adutoras, perfuração de poços, projetos de irrigação e piscicultura e, segundo ela, atua para induzir o desenvolvimento das regiões. Porém, “está morrendo por inanição”, entre outros fatores, por falta de concursos públicos para repor os técnicos que estão se aposentando.

CEARÁ – Diretor da Compesa, José Aldo Santos citou exemplos do Estado ao defender ações de curto, médio e longo prazo para resolver déficit hídrico da região. Foto: Sabrina Nóbrega
O diretor de Articulação e Meio Ambiente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), José Aldo Santos, citou exemplos de outros Estados, como o Ceará, ao defender ações de curto, médio e longo prazo para resolver o déficit hídrico do Semiárido. “Sem isso, teremos apenas ilhas de desenvolvimento na região”, expôs.
Coordenadora da Sala de Situação da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), a meteorologista Maria Aparecida Fernandes abordou iniciativas como o Monitor de Secas, que já identifica a ocorrência do processo fora do Sertão, em áreas do Agreste e da Zona da Mata. “A informação que existe precisa ser unificada”, disse.
O secretário estadual de Agricultura, Wellington Batista, ressaltou a importância da construção do plano estratégico e colocou a pasta à disposição para contribuir com o grupo de trabalho. Além desses órgãos, serão convidados a integrar a equipe a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), a Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), entre outros.
Presente à reunião, o deputado Odacy Amorim (PT) afirmou que o trabalho “não pode ser feito pensando nas próximas eleições, mas nas próximas gerações”. Ele criticou, ainda, o contingenciamento, pelo Governo do Estado, no pagamento de emendas parlamentares destinadas à perfuração de poços.