Campanha Maio Amarelo motiva debate no Grande Expediente Especial

Em 10/05/2018 - 16:05
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INICIATIVA – Autor do requerimento, o deputado Eduíno Brito (PP) destacou os números “de uma epidemia que mata mais que algumas guerras”. Foto: Sabrina Nóbrega

Mês internacionalmente dedicado a debates e reflexões sobre segurança no trânsito, o Maio Amarelo foi assunto do Grande Expediente Especial (GEE) nesta quinta (10), na Assembleia. A programação deste ano traz como tema “Nós somos o trânsito”, visando destacar a responsabilidade que cada indivíduo apresenta neste espaço coletivo e clamar por um maior envolvimento de todos os segmentos neste debate.

Autor do requerimento do GEE, o deputado Eduíno Brito (PP) destacou os números “de uma epidemia que mata mais que algumas guerras”. Ele citou dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco que indicam que o Estado perdeu, em 2015, cinco pessoas vítimas de acidentes de trânsito por dia e desembolsou R$ 917 milhões no tratamento dos acidentados. “Este valor é suficiente para cuidar dos pacientes com câncer no Estado por seis anos, ou manter em funcionamento o Hospital da Restauração, no Recife, por quatro”, informou, destacando, ainda, o custo não calculável dessa tragédia: a vida humana.

“Só alcançaremos a paz no trânsito quando oferecermos condições mínimas de segurança para todos conviverem neste espaço: pedestres, ciclistas, motociclistas e condutores de automóveis. Não podemos privilegiar uma categoria, porque todos temos responsabilidades”, disse o coordenador do Movimento Maio Amarelo em Pernambuco, Carlos Valle, destacando a relevância do tema escolhido para a campanha em 2018.

O agente da Polícia Rodoviária Federal Deiverson Silva confia no trabalho de conscientização, inclusive de crianças em idade escolar, para mudar esse quadro de acidentes. “O Maio amarelo foi eleito para ser um período de mais atenção para o trânsito. E neste contexto de engajamento dos últimos anos, percebemos uma redução de 12% no número de acidentes em estradas federais no Estado, entre 2016 e 2017”, pontuou.

Professora da Universidade de Pernambuco (UPE), Gabriela Porto apresentou dados da pesquisa que desenvolveu junto a motociclistas vítimas de acidentes de trânsito atendidas em três emergências do Estado. Segundo ela, das 249 pessoas que apresentavam traumas na face em consequência de acidente, 59% não usavam capacete e 33% dos que usavam o equipamento o faziam de maneira incorreta.

Por sua vez, o consultor do Observatório do Recife, Francisco Cunha, pontuou o que ele avalia como a principal causa dos acidentes graves no trânsito: o excesso de velocidade. A entidade, que monitora políticas públicas municipais, defende a redução dos limites máximos de velocidade permitidos nas vias do Recife. “Esta é uma questão negligenciada que precisa ser atacada com seriedade, pois é uma das principais causas de mortes”, opinou.

Coordenador da Operação Lei Seca no Estado, o tenente-coronel Fábio Bagetti ressaltou como o trabalho de combate à combinação álcool e direção é necessário para se alcançar bons resultados. “No ano passado, atingimos a marca de dois milhões de condutores abordados em nossas ações”, disse. A operação foi elogiada pelo diretor do Samu metropolitano, Leonardo Gomes. “Trabalho no Samu há 16 anos e é nítida a diminuição dos acidentes provocados por uso de bebida alcoólica após a Lei Seca”, afirmou.

Superintendente de Trânsito e Transporte da Prefeitura de Moreno, Wilker Lytiery cobrou maior articulação das instituições no trabalho de prevenção de acidentes, enquanto o presidente do Sindicato de Policiais Rodoviários Federais, Frederico França, pediu reforço no contingente de profissionais que atuam no trânsito. “Há um decréscimo constante no efetivo desses servidores. Será mesmo que os governos que fazem isto estão realmente preocupados em diminuir os acidentes?”, questionou.