CONHECIMENTO – “A matemática está em tudo”, tema da Semana Nacional e Estadual de Ciência e Tecnologia de 2017, foi discutida durante Grande Expediente Especial. Reunião também homenageou, in memoriam, cientistas pernambucanos. Foto: Roberto Soares
“A matemática está em tudo” é o tema da Semana Nacional e Estadual de Ciência e Tecnologia de 2017, celebrada no Grande Expediente Especial desta quinta (26). Num País em que o índice de conhecimento dos estudantes nessa disciplina fica distante dos vizinhos – como Peru, Colômbia, Uruguai e Chile – chamar atenção para a matéria é estratégico para o futuro.
Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), em 2015, o Brasil ficou na 66ª posição do ranking mundial em matemática com a nota 377. O resultado foi inferior à edição anterior (389), realizada em 2012. A escolha do tema também está baseada no fato de que o País sediará, pela primeira vez, a Olimpíada Internacional de Matemática e o Congresso Internacional de Matemáticos entre 2017 e 2018, formando o Biênio da Matemática no Brasil.
“A ciência e a tecnologia são os pilares para o desenvolvimento de qualquer país. E tudo gira em torno da matemática”, declarou o deputado Jadeval de Lima (PDT), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alepe. Ele pontuou, ainda, a relevância de Pernambuco promover o evento: “Estimula a formação de novos cientistas e descobertas, para que o Estado possa se desenvolver ainda mais”.
A proposta da Semana, que segue até o dia 29, é aproximar a matemática das pessoas, mostrando que a disciplina está no cotidiano, ao calcular o troco ou os juros, por exemplo. O objetivo é expor, ainda, que diversas áreas do conhecimento beneficiam-se da matemática, como a medicina, a nutrição e a engenharia. “É importante para mostrar que nós também temos competência para produzir ciência. Temos muitos pernambucanos cientistas que podem servir de exemplo”, avaliou Lúcia Melo, secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).
Notáveis cientistas – Em atenção à Lei nº 13.176/2006, de iniciativa do ex-deputado estadual João Fernando Coutinho, a Alepe realiza, anualmente, a homenagem póstuma intitulada “Notáveis Cientistas Pernambucanos: Um Memorial do Seu Povo”. Os cientistas homenageados neste ano são Nelson Saldanha e Zeferino Rocha, na área de Ciências Humanas, e Suely Galdino, nas Ciências Biológicas.
Com o reconhecimento, os três nomes também entrarão para o Memorial de Notáveis Cientistas de Pernambuco, que já reúne 36 estudiosos. Presidente da Comissão de Mérito da entidade, Ivon Fittipaldi estimou que mais de meio milhão de pessoas já foram impactadas pela Caravana dos Notáveis Cientistas, projeto itinerante do Espaço Ciência que, desde 2012, ajuda a divulgar e valorizar ideias e descobertas no Estado. “Todo ano, a Assembleia transforma-se num templo que cultua o saber, e isso muito nos entusiasma”, declarou.
Investimentos – Chamando atenção para o corte de recursos do CNPq – a previsão é de que sejam repassados, neste ano, R$ 523 milhões, valor cinco vezes menor se comparado ao de 2014 –, a secretária Lúcia Melo analisou que “os cortes do Governo Federal em pesquisa podem ser desastrosos para o futuro do País”. Garantiu, ainda, que o governador Paulo Câmara tem conseguido manter os investimentos.
O deputado Eduíno Brito (PP) também posicionou-se sobre a questão. Defendendo mais recursos para a Educação Básica, o parlamentar argumentou que, “se não houver investimento para atingir as metas em educação, não teremos um país de cientistas no futuro”. Fazendo referência ao resultado do Pisa 2015, cobrou ação na área: “Precisamos urgentemente reverter esse quadro”.
O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Nóbrega realizou palestra e enfatizou a situação da ciência no País em comparação com o mundo: “Os Estados Unidos têm 363 prêmios Nobel. O Brasil não tem nenhum, ficando atrás, inclusive, de nações em estágio de desenvolvimento inferior ao nosso, como o Egito”. Ele divulgou, ainda, que “o País forma 162 doutores por ano, enquanto na Inglaterra o número chega a 2.900”.
O evento contou, também, com a participação de alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Professora Helena Pugó e da Escola Municipal Antonio Farias Filho, ambas do Recife. O Coral Vozes de Pernambuco, da Alepe, realizou apresentação.
