
RAMOS – “Privatizar a Chesf e a Eletrobras não é a pauta que o Brasil precisa neste momento.” Foto: Jarbas Araújo
Intenção anunciada pelo Ministério de Minas e Energia de privatizar a Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras provocou protestos dos deputados durante a Reunião Plenária desta terça (22). Entre outras empresas, a estatal do setor de energia controla a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que possui 12 hidrelétricas e mais de 20 mil quilômetros em linhas de transmissão no Nordeste. Os deputados Lucas Ramos (PSB), Rodrigo Novaes (PSD) e Odacy Amorim (PT) ocuparam a tribuna para expressar insatisfação com a medida, que consideram contrariar o interesse público.
Segundo o ministério, ainda não há modelo definido para o processo de redução da participação da União no capital da estatal, cujas ações negociadas em bolsa somam R$ 28 bilhões. Apesar de acumular prejuízos bilionários desde 2012, por negociar energia a preços abaixo dos praticados pelo restante do mercado, a empresa lucrou R$ 3 bilhões em 2016. O patrimônio da companhia, de acordo com estimativas do Governo Federal, é de R$ 50 bilhões.
“Privatizar a Chesf e a Eletrobras não é a pauta que o Brasil precisa neste momento”, garantiu Lucas Ramos, o primeiro a se manifestar contra a proposta. “Querem colocar à venda um ativo superavitário, um dos maiores do Brasil, e fazer o povo pagar pela ineficiência dos gestores que por ali passaram anteriormente”, criticou o socialista, acusando o governo do presidente Michel Temer de vender a estatal unicamente para “cobrir o rombo” das contas deste ano.

NOVAES – “Medida ameaçaria o caráter estratégico da Eletrobras e os programas de cunho social conduzidos em regiões menos desenvolvidas economicamente.” Foto: Jarbas Araújo
Para Rodrigo Novaes, a medida ameaçaria o caráter estratégico da Eletrobras e os programas de cunho social conduzidos em regiões menos desenvolvidas economicamente, como é o caso da Chesf no Sertão de Pernambuco. “Se afirmam que a gestão pública é incapaz de promover os investimentos necessários ao desenvolvimento, imaginem quando estiver tudo entregue a empresários que trabalham de costas para a população e voltados ao caixa da companhia”, apontou.
Em apartes, Novaes recebeu apoio de Antônio Moraes (PSDB), Terezinha Nunes (PSDB), Laura Gomes (PSB) e Zé Maurício (PP). Os tucanos lembraram que foi durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff que a empresa passou a operar com prejuízos, mas concordaram ser necessário cautela antes de decidir sobre o repasse dos ativos à iniciativa privada. Laura Gomes registrou requerimento à Comissão de Meio Ambiente para realizar audiência pública sobre o tema no dia 11 de setembro. Presidente desse colegiado, Zé Maurício registrou estar “solidário à discussão”.

AMORIM – “Decisão pode colocar em risco gerações futuras de brasileiros, sobretudo os pernambucanos do Sertão do São Francisco.” Foto: Jarbas Araújo
Odacy Amorim pediu a presença do titular do Ministério de Minas e Energia, o deputado federal pernambucano licenciado Fernando Coelho Filho, e disse que a decisão pode colocar em risco gerações futuras de brasileiros, sobretudo os pernambucanos do Sertão do São Francisco. “O rio é o sangue do povo nordestino e não pode ser influenciado por decisões tomadas de cima para baixo”, protestou o petista, que anunciou visita a Petrolina, no próximo dia 28, da Frente Parlamentar da Revitalização dos Rios. “Estarão lá deputados de Pernambuco e da Bahia para demarcarmos a importância dessa questão”, assegurou Amorim, que coordena o grupo.