Ação policial contra troça carnavalesca repercute em Plenário

Em 06/03/2017 - 20:03
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TRIBUNA - Para Edilson Silva, "direito de livre expressão foi confiscado”. Rodrigo Novaes, por sua vez, adiantou que "providências já foram tomadas”. Fotos: Roberto Soares

TRIBUNA – Para Edilson Silva, “direito de livre expressão foi confiscado”. Rodrigo Novaes, por sua vez, adiantou que “providências já foram tomadas”. Fotos: Roberto Soares

A apreensão de materiais da troça carnavalesca “Empatando Tua Vista”, de inspiração política, que desfilaria no Recife durante o Galo da Madrugada, rendeu comentários na Reunião Plenária desta segunda (6). Oposição e Governo discordaram a respeito da investigação sobre as razões que motivaram a ação policial. Presidente da Comissão de Cidadania, Edilson Silva (PSOL) anunciou que irá propor a convocação do oficial que chefiou a operação para prestar esclarecimentos à Alepe. Vice-líder do Governo, Rodrigo Novaes (PSD) repudiou o ocorrido, mas defendeu que a apuração seja conduzida pela Secretaria de Defesa Social (SDS).

Edilson Silva informou que o episódio foi denunciado pelos integrantes da agremiação por meio de vídeos divulgados nas redes sociais. De acordo com o parlamentar, os relatos revelam que a equipe de policiais militares apreendeu fantasias e máscaras, e inviabilizou o desfile. “Aqui não se trata do confisco de alegorias, mas de cercear um direito duramente conquistado de livre expressão”, frisou.

O oposicionista destacou que a ação não pode ser investigada por órgãos subordinados ao Governo do Estado, e pediu o apoio dos governistas para que seja aprovada a convocação, pela Comissão de Cidadania, do major que conduziu a operação. “Esse é um caso de censura política, e não vamos abrir mão da prerrogativa do Legislativo de fiscalizar”, declarou.

Rodrigo Novaes minimizou as críticas. O deputado enfatizou a realização de um Carnaval “tranquilo e em paz”, com o apoio dos órgãos de segurança, parabenizou a organização do evento em todo o Estado e queixou-se da Oposição por usar a tribuna para atacar um “assunto pontual”. “As providências já foram tomadas. A Corregedoria da SDS solicitou que o fato seja apurado e saberemos por que o major tomou essa atitude, que todos temos de repudiar. Precisamos garantir o direito das pessoas se expressarem”, observou.

Líder da Oposição, Sílvio Costa Filho (PRB) se disse “perplexo”. “Não se vê uma fala objetiva do governador para censurar uma atitude autoritária como essa”, protestou. Teresa Leitão (PT) e Joel da Harpa (PTN) também manifestaram preocupação com o ocorrido. “Foi assustador. Fiquei escandalizada com a falta de respeito à sátira política, uma característica do carnaval pernambucano”, registrou a petista.

Segurança – Em aparte, o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), destacou o “sucesso” da organização do Carnaval em Pernambuco. Na avaliação do parlamentar, a sociedade e os agentes de segurança pública não atenderam às expectativas de quem tentou “criar um clima de dificuldades”. “Aqueles que apregoaram o caos se frustraram”, apontou.

Sílvio Costa Filho questionou a versão do Governo. Para o deputado, “houve crescimento da violência” e o Executivo não tem sido transparente ao adiar a divulgação das estatísticas sobre os crimes letais no Estado. “Há dez anos, o balanço do Carnaval vinha sendo divulgado na quinta-feira. Este ano será no dia 15 de março”, afirmou.

Rodrigo Novaes discordou do líder da Oposição e lembrou que o alongamento nos prazos para a publicação dos números da violência teve início em dezembro. “Não é algo casuístico, mas necessário em razão de dar mais tempo à apuração e garantir mais clareza na divulgação dos dados”, asseverou.