ABRANGÊNCIA – A Rede PEBA reúne 53 municípios pernambucanos e baianos. Foto: João Bita
O município de Petrolina, no Sertão do São Francisco, sediou, nesta quarta (16), um debate sobre os problemas enfrentados pelos pacientes que recorrem à Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco (Rede PEBA). A audiência pública foi promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia, com apoio da Câmara dos Vereadores de Petrolina, e reuniu autoridades dos estados e municípios que integram a rede, os quais apresentaram os desafios e avanços desta parceria interestadual, bem como profissionais de saúde e usuários insatisfeitos com a realidade que encontram ao buscar o atendimento médico oferecido na região.
O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, deputado Odacy Amorim (PT), defendeu a necessidade do debate a fim de esclarecer quais são e onde estão as dificuldades e, assim, poder cobrar as responsabilidades de cada ente que integra a rede. “Viemos aqui para fazer uma discussão apartidária, cujo único interesse é defender nossa saúde pública. Não podemos tapar os ouvidos para o choro de uma mãe que perdeu o filho de 11 anos por falta de atendimento”, pontuou, referindo-se à petrolinense Irislene Garcêz, que relatou, durante a audiência, os problemas que enfrentou para que seu filho Ismael fosse tratado do câncer que apresentava no tórax.“O que matou o meu filho foi o descaso e isso não pode ficar impune. Ele precisava ir ao Recife para receber o tratamento, mas a demora e a falta de uma UTI aérea causaram sua morte”, relatou.
Reforçando o apelo por melhorias na Rede PEBA, o superintendente do Hospital Universitário de Petrolina, doutor José Ricardo Pernambuco, informou que a unidade hoje enfrenta dificuldades na contratação de profissionais de saúde. “Contamos com metade dos ortopedistas e dois terços dos anestesistas necessários para atender os pacientes que chegam ao hospital”, complementou.
“A sociedade está refém do descaso. Há uma falta de respeito à vida”, lamentou o vereador de Petrolina, Ronaldo Cancão (PSL). “Os custos de Saúde são muitos e, por isso, cada ente precisa cumprir com suas responsabilidades”, defendeu o deputado estadual pela Bahia, Zó (PC do B). Em nome da Secretaria de Saúde de Petrolina, Lúcia Giesta lamentou a “dificuldade de reunir os responsáveis pelos municípios e estados para se discutir alternativas para os problemas pontuados”.
O representante da Secretaria de Saúde da Bahia, Cassio Garcia, falou sobre as ações do Estado para incrementar a rede. “Destaco o trabalho de ampliação do Hospital de Juazeiro, com a implantação futura de um completo setor de oncologia”, anunciou. “O encontro trouxe como encaminhamento imediato a retomada das reuniões dos membros da Central de Regulação Interestadual dos Leitos, que estavam suspensas desde dezembro de 2014”, destacou Thiago Azevedo, em nome da Secretaria de Saúde de Pernambuco.
A Rede PEBA reúne 53 municípios pernambucanos e baianos que, ao somarem esforços, mão-de-obra e estrutura física sob uma gestão integrada, visam otimizar os atendimentos de alta complexidade oferecidos a cerca de 1,8 milhão de habitantes da região do Vale do São Francisco. “A gestão compartilhada da saúde exige um diálogo constante de todos os entes que se integram, bem como um entendimento claro da população atendida, para que ela possa exigir os seus direitos”, concluiu a representante da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Neyde Garrido.
