Parlamentares divergem sobre transposição do SF

Em 28/06/2000 - 00:06
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Parlamentares divergem sobre transposição do SF A transposição das águas do Rio São Francisco foi, mais uma vez, o centro dos debates ontem na Assembléia Legislativa. O líder do governo, deputado Romário Dias (PFL), levantou preocupações sobre o esgotamento dos recursos do rio para novos projetos. “Vejo com reservas este projeto, visto que o manancial hídrico não comporta novas intervenções, dada a grande exploração a que é submetido, com o múltiplo uso de suas águas”, afirmou.

Segundo ele, a transposição “é no mínimo preocupante, havendo o risco de descobrir um santo para cobrir outros, e depois continuar com todos descobertos”. Romário lembrou que o rio abriga no seu leito as hidroelétricas da Chesf, que pode ser privatizada.

“Tenho posicionamento contrário. Não sou privativista ortodoxo, e nem tampouco defensor de monopólios e oligopólios públicos ou privados”, afirmou, defendendo em seguida a abertura do capital da Chesf, “desde que a União continue com o controle da companhia”. Ele afirmou ainda que os recursos do Fundo de Assistência da instituição, o Fachesf,poderia servir para este objetivo.

Romário também demonstrou preocupação com a continuidade dos projetos de irrigação, se a Chesf for mesmo privatizada. “Eu questiono qual a forma e que garantias teremos para o uso amplo das águas em caso de privatização da Chesf?”. Para contribuir com o debate sobre os recursos hídricos nos estados não banhados pelo São Francisco, ele propôs um programa de perenização dos rios, através de barragens sucessivas e o uso das reservas hídricas subterrâneas.

Viabilização – O deputado José Queiroz (PDT) também estimulou o debate sobre a transposição do Rio São Francisco e a perspectiva de interligação com a bacia hidrográfica do Tocantins. Depois de elogiar as palavras de FHC na Chesf, confirmando a execução do projeto, o parlamentar lembrou que desde o Império “muitas palavras foram empenhadas e não honradas”.

Queiroz acredita que a transposição vai ser “conquistada em razão da luta que se trava pela sua viabilização”.

Ele afirmou que não entendia a resistência dos Estados chamados de doadores das águas (Bahia, Sergipe e Alagoas). Queiroz destacou que FHC eliminou essas resistências e fez questão de que as palavras de Fernado Henrique fossem registradas nos Anais da Casa. “Sei que ele não tem sido correto com o Nordeste, porém, para tudo há o tempo certo e quem sabe talvez tenha chegado a hora da nossa região, e o chefe da Nação resolva quitar esta velha dívida para com os nordestinos”.

O deputado Ranilson Ramos (PPS) lembrou que debateu a questão em Minas Gerais e na Bahia e garantiu que a última versão do projeto está bem ajustada tecnicamente. “Estão garantidas a preservação do rio São Francisco e a integração com a bacia do Tocantins “, afirmou.

O deputado Geraldo Coelho (PFL) ressaltou que estudos indicam que o São Francisco tem reservas que só deverão ser consumidas em 150 anos. “É importante a água do Tocantins porque se não nos unirmos e lutarmos pelos dois projetos poderemos ficar sem nenhum dos dois”, completou. (Pedro Marins)