Comissão dos Medicamentos investiga esquema interestadual Comercialização irregular de remédios prejudica estados e população A CPI dos Medicamentos avançou ontem nas investigações que podem apontar um esquema interestadual de comercialização irregular de medicamentos com graves prejuízos para o poder público e a população. Os deputados colheram o depoimento do presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Medicamentos da Paraíba, João Dantas Azevedo, que denunciou um sistema de concorrência desleal com o objetivo de excluir os pequenos comerciantes do setor de farmácias.
Entre as irregularidades suspeitas estão a sonegação de impostos, a falsificação e a venda de medicamentos roubados. Por motivos de segurança pessoal do sindicalista, a maior parte do seu depoimento foi tomado em sigilo pela CPI. O próprio João Dantas justificou que as irregularidades envolviam “interesses de pessoas influentes, que têm ramificações em vários estados”. No período em que falou abertamente, ele lembrou que o enriquecimento rápido dos proprietários de redes de farmácias novas não corresponde à expectativa de lucros que a venda de medicamentos pode oferecer.
O presidente da CPI dos Medicamentos, deputado Sérgio Leite (PT), justificou que o sindicalista corria risco de vida se revelasse publicamente os nomes dos suspeitos. “Também estamos preocupados para que a divulgação antecipada não atrapalhe as investigações, que têm o apoio da Polícia Civil e do Ministério Público”, completou.
A CPI também ouviu o presidente em exercício do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), Jurandir Brainer, que veio contribuir para uma nova política de medicamentos. O deputado Ranilson Ramos (PPS) também fez um balanço da sua viagem a Brasília na semana passada. Ele trouxe cópia do relatório preliminar da CPI Federal dos Medicamentos e disquetes que vão permitir cruzamentos de informações sobre as irregularidades. (Pedro Marins)