Inclusão do Recife no tráfico preocupa CPI A inclusão do Recife na rota do tráfico internacional de drogas preocupa a CPI do Narcotráfico. Para aprofundar as investigações nesse sentido, os deputados ouviram ontem a traficante Jussara Correia Leite, que mora no Mato Grosso do Sul. Ela já havia cumprido pena por seqüestro. Neste fim-de-semana, foi presa transportando cocaína para o exterior.
Segundo Jussara, a droga veio de São Paulo e do Recife seguiria para Madri, na Espanha. Mas ela se limitou a citar dois homens como organizadores da viagem.
Os deputados apontaram vários indícios de que Jussara teria uma participação maior no esquema e acham que ela não revelou o que sabe.
O tráfico de drogas no Estado também foi o tema do depoimento da delegada especial de entorpecentes, Anete de Sena Marques. Ela disse que recebeu denúncias sobre o refino de cocaína dentro do presídio Aníbal Bruno. Até agora nada foi comprovado.
Segundo Anete, a delegacia recebe cerca de 20 denúncias por dia e deveria atuar em todo o Estado. Mas, por falta de condições, só está operando na Região Metropolitana, mesmo assim “precariamente”. A delegada afirmou que a estrutura da polícia é inferior à dos bandidos: “falta munição, armas, viaturas e treinamento”. Diante desse quadro, a CPI decidiu visitar a delegacia de entorpecentes no dia de hoje. O deputado Antônio Moraes (PSDB) disse que a Comissão já falou com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) sobre a necessidade de melhorar a atuação no setor.
A falta de estrutura da Polícia também ficou evidente no depoimento do delegado especial de Furtos de Cargas, Roberto Bruto. Segundo ele, quando há diligências no interior, os próprios policiais é que bancam as investigações, porque as diárias sempre chegam com atraso.
Entre as denúncias que a CPI recebeu está a de simulação de roubo de carga por parte dos próprios comerciantes. Dessa forma, eles ficariam com o dinheiro do seguro e também da venda dos produtos.
Os deputados questionaram Bruto sobre a demora na conclusão dos inquéritos. Em Garanhuns, por exemplo, haveria cinco inquéritos parados e, em Igarassu, 15 queixas que não foram apuradas.
O deputado Fernando Lupa (PSDB) disse que a CPI já chegou a alguns nomes, citando um homem conhecido como “gordo do tomate”, que seria um dos maiores receptadores de cargas roubadas no Nordeste. A CPI decidiu que três deputados vão a Natal, onde o acusado estaria morando, para conseguir mais informações sobre ele. (Natália Câmara)
