CPI do Narcotráfico quer zona de exclusão no Agreste Meridional

Em 02/06/2000 - 00:06
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CPI do Narcotráfico quer zona de exclusão no Agreste Meridional A CPI do Narcotráfico decidiu encaminhar requerimento ao Governo do Estado sugerindo a decretação de zona de exclusão nos municípios de Águas Belas, Itaíba e Tupanatinga. De acordo com os deputados, na área, situada no Agreste Meridional, o crime organizado se instalou com o envolvimento de políticos e empresários, inclusive com ramificações nos estados de Alagoas e Sergipe.

“A CPI já tinha reunido informações detalhadas de vários crimes na região e o depoimento ontem, do único sobrevivente da briga entre as famílias Martins e Pereira, Raimundo Pereira, foi apenas a gota d’água”, afirmou o sub-relator deputado Fernando Lupa(PSDB). Ele lembrou que Raimundo contou detalhes à CPI de seis crimes e envolveu o prefeito de Itaíba, Claudiano Martins e seu irmão Numeriano.

A CPI colheu mais oito depoimentos. Entre eles, três empresários donos de uma carga de tecidos roubada. Matusalém Araújo, José Artur da Silva e Gutemberg da Silva admitiram a guarda de carga e não foram convincentes ao tentar explicar suspeitas de sonegação fiscal. A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônicos deles foi solicitada.

A CPI colheu depoimentos reservados do Cabo Marcos José Rolim, apontado como torturador, e do presidiário Rildo Silva dos Santos, filho do Cabo Dengoso, ex-líder de grupo de extermínio, que morreu em 1995.

Combustíveis – A CPI dos Combustíveis ouviu ontem o diretor financeiro e procurador da Max Distribuidora de Petróleo, Geraldo Uchôa. Segundo ele, a empresa foi constituída no final de 97.

Mas os sócios, por acreditarem não ter condições de tocar a empresa, nomearam dois procuradores, que seriam ele e André Pereira. Uchôa afirmou que é o maior investidor da Max, chegando a dizer que é o verdadeiro dono . A CPI quis saber porque a empresa tem tantos pedidos de liminares contra o Estado, solicitando o não pagamento de imposto antecipado. O depoente respondeu que é um direito que a empresa tem.

A CPI também constatou a existência de operações comerciais entre a Alvorada e a destilaria Montevidéu, em Amaraji. Há indícios de trânsito de caminhões transportando álcool em estradas clandestinas ligando Amaraji a Chã Grande, onde está localizada a destilaria de Geraldo Uchôa. O Sócio da Max confirmou que é amigo do dono da Montevidéu. Para confirmar essa ligação, a CPI solicitou a Uchôa os balanços patrimoniais, a lista de clientes e volumes comercializados pela Max e Alvorada nos últimos três anos. Além disso, Uchôa é sócio da concessionária de veículos Gravel.

Augusto Coutinho (PFL) garantiu que Uchôa será responsável pelo débito da Max junto ao fisco, cerca de R$17 milhões. O crescimento repentino da empresa, com faturamento mensal de cerca de trinta e cinco milhões de reais, também está sendo apurado pela CPI.. (Pedro Marins/Verônica Barros/Carolina Flores)