Greve provoca debate na AL

Em 26/10/2000 - 00:10
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Greve provoca debate na AL Líder do PT quer comissão para negociar. Presidente da Casa diz que iniciativa cabe aos líderes A repercussão da greve da PM foi o principal assunto debatido ontem na Assembléia Legislativa. O líder do PT, deputado Sérgio Leite, apelou mais uma vez por uma solução negociada para o fim do movimento. Ele sugeriu a criação de uma comissão suprapartidária para tentar intermediar uma negociação. “Esta Casa em nenhum momento recuou da atribuição de buscar a mediação, mesmo diante de situações de impasse”, afirmou.

O petista classificou como “equivocada” a posição do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) em “se negar a negociar” com os grevistas. “Também será um equívoco histórico da Assembléia se não criar a comissão”, afirmou. Sérgio Leite também acusou Jarbas de “querer usar a força para tentar acabar com a greve, quando a questão exige entendimento e negociação”.

Antônio Mariano (PFL) contestou a afirmação, assegurando que o governador está cumprindo com sua obrigação constitucional. “Os PMs grevistas estão irredutíveis diante da proposta do governo. Conclui-se, então, que não querem negociar, querem é fazer baderna e motim” afirmou. Ele lembrou que o presidente da Assembléia “prontificou-se para intermediar o diálogo, ficou de plantão durante o final de semana , mas os grevistas não apareceram”.

Para Maviael Cavalcanti (PFL), é necessário que se restabeleça a hierarquia na PM. “A Assembléia tem um compromisso de insistir junto aos líderes dos PMs para que retornem aos quartéis e as negociações possam ser retomadas”, afirmou.

Sérgio Leite lembrou que a hierarquia foi quebrada desde a greve de 97, quando os oficiais também se rebelaram. “Jarbas não se preocupou com hierarquia e praticamente todos os oficiais que lideraram o movimento estão hoje em cargos comissionados da PM”, questionou.

Presidente – O presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Marcos de Lima (PFL), após ouvir o líder do PT, esclareceu que “em nenhum momento, a presidência deixou de dar apoio no que é possível para evitar problemas”, como na greve da Polícia Militar. “Esperei a comissão convocada pelo senhor (Sérgio Leite) no sábado e no domingo e, como não apareceram, ficou claro que não queriam a mediação. Vossa Excelência se apresenta como o salvador da pátria, quando o governo do seu partido não tratou de forma decente os velhinhos em Brasília”, rebateu Sobre a possibilidade da criação de uma comissão para tentar retomar o diálogo entre PM e governo, José Marcos esclareceu que a iniciativa deveria surgir do colégio de líderes e não da direção da Casa. “A Assembléia e o seu presidente não podem obrigar o governador a negociar com grevistas”, completou, reclamando do comportamento do líder petista. Sérgio Leite afirmou que “em nenhum momento quis agredir ou atrapalhar”. Ele Reconheceu que o presidente foi solidário e manteve o plantão para tentar uma solução negociada para a greve.

Para Pedro Eurico (PSB), falta no governo um “secretário com tutano, com vontade de negociar”. De acordo com Eurico, o governador deve ser o árbitro final, desde que os secretários atuem com firmeza. “O secretariado é cambaliante, mambembe, não tem vertebras”, criticou, reclamando da postura do secretário Iran Pereira nas negociações e dos comandantes militares que, segundo ele, “não deram um pio” para contornar o problema. (Pedro Marins)