CPI pode apurar falhas em presídio de Igarassu

Em 13/08/2002 - 00:08
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CPI pode apurar falhas em presídio de Igarassu A Assembléia Legislativa poderá instaurar uma CPI para apurar as falhas que culminaram com a fuga de vinte e três detentos do Presídio de Segurança Máxima de Igarassu, inaugurado há menos de uma semana pelo Governo. A idéia surgiu durante pronunciamento do deputado Guilherme Uchôa (PDT), que levantou o assunto na Casa.

Em aparte, o deputado Sérgio Leite (PT) disse que vai solicitar ao presidente da Comissão de Defesa da Cidadania, João Braga (PV), a realização de uma Audiência Pública para discutir o assunto. Na ocasião, deverão ser ouvidos o secretário de Justiça do Estado, Humberto Vieira de Melo, o diretor do presídio, Anselmo Carvalho, o representante da construtora responsável pela obra e os agentes penitenciários que estavam de plantão no dia da fuga. “Se as explicações não forem convincentes, poderemos solicitar a criação de uma CPI”, acrescentou o deputado.

Uchôa fez um pronunciamento indignado, destacando o clima de insegurança e pavor que tomou conta dos moradores dos municípios de Igarassu, Itapissuma e Itamaracá, desde que o presídio começou a ser construído. “Não tenho conhecimento de nenhuma indústria instalada por este Governo naquela área, nada que venha a gerar emprego e renda. Pelo contrário, construiu esse presídio que só serviu para afastar possíveis empresários, turistas, e colocar em risco a vida dos moradores”, acrescentou.

Em aparte, o deputado Gilberto Marques Paulo (PSDB), que já foi secretário de Justiça do Estado, disse que ficou estarrecido com o que aconteceu e que tentou entrar em contato com o secretário Humberto Vieira, mas não conseguiu. “Por que inauguraram um presídio, que deveria ser de segurança máxima, inapto a receber detentos dessa periculosidade ? Eu não sou de criticar por criticar e por isso busquei informações junto ao secretário, mas não obtive sucesso. Lamento muito pelo Governo do Estado, pelo secretário de Justiça, mas sem explicação, não tenho condições de sair em sua defesa sobre o que aconteceu”, acrescentou Marques Paulo.

Os deputados Carlos Lapa (PSB) e Paulo Rubem Santiago (PT) também fizeram apartes em apoio a Uchôa. “Isso é obra de irresponsabilidade e inconsequência.

O Governo tem que dar uma resposta a esse problema e o mínimo que ele pode fazer é exonerar o secretário de Justiça por ter instalado um presídio que não oferece a menor segurança, sobretudo quando os detentos são criminosos de alta periculosidade”, disparou Lapa. Santiago acusou o Governo de ter inaugurado o presídio antes da obra concluída para poder usar as imagens na propaganda eleitoral. “Temos que apurar o que houve. Quem foi a construtora responsável pela obra? Quais foram os critérios do processo de licitação ? Quem foi o irresponsável que autorizou a transferência dos presos ? Tudo isso tem que ser explicado”, cobrou o parlamentar.

Ao final do discurso, o deputado Guilherme Uchôa disse que iria até o Palácio do Campo das Princesas entregar um manifesto ao governador, assinado por moradores dos três municípios, solicitando o fechamento do presídio. “O governador precisa saber que Igarassu tem voz, que não teme os 65% dele (referentes à pesquisa eleitoral), nem do Governo dele, porque um Governo dessa qualidade não se pode respeitar”, concluiu.