Os números da violência sexual contra crianças e adolescentes estão crescendo no Estado e exigem políticas públicas mais enérgicas, além de ações conjuntas de toda a sociedade organizada. A conclusão é dos deputados, representantes governamentais e de ONGs que participaram, ontem, de um debate sobre o assunto, na Alepe. O evento, solicitado pela deputada Ana Cavalcanti (PP), registrou o Dia Nacional de Luta contra a Violência Sexual Praticados contra Crianças e Adolescentes, comemorado no último domingo.
Os casos apresentados pela presidente da Comissão Especial de Investigação ao Abuso e Exploração Sexual, deputada Carla Lapa (PSB), e da relatora, deputada Teresa Leitão (PT), revelaram que o problema não se limita apenas aos grandes centros urbanos, mas a todo o Estado. Elas citaram como exemplo São José do Egito, no Sertão do Pajeú, onde, em sete meses, foram denunciados 130 casos de abuso sexual. Também há denúncias de exploração sexual infanto-juvenil na feira do gado em Tabira, entre outros municípios.
Carla Lapa explicou que levará as denúncias ao conhecimento das autoridades policiais, ao governador e ao presidente Lula , “para que eles desenvolvam programas de apoio às famílias carentes”.
Teresa Leitão fez um breve relato da ação e sugestões feitas pela comissão, como o pedido de implantação de uma Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, em Serra Talhada, para atender o Sertão do Pajeú, do Araripe e Central. “O trabalho contínuo de mobilização da sociedade, formação de comissões municipais e a educação sexual nas escolas são algumas das ações desenvolvidas que precisam ser aprimoradas”, justificou.
Para a deputada Ana Cavalcanti, é necessária uma maior articulação de esforços, ultrapassando, inclusive, os limites do Estado, numa ação integrada dos Executivos Estaduais, Assembléias do Nordeste e bancada federal. “Enquanto não for assegurado à criança e ao adolescente a dignidade humana, eles viverão sob o regime da dor, da violência e da injustiça”, afirmou.
De acordo com a representante da Secretaria de Cidadania e Políticas Sociais, Maria Florentina, os deputados devem defender mais recursos para essa área no período de apreciação do Plano Plurianual e do Orçamento. A coordenadora da Rede de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Pernambuco, Karla Ribeiro, mostrou-se indignada com o índice de violência no Estado, ocupando o 3º lugar em abuso sexual do Nordeste. Ela frisou que muitas cidades do interior só formaram conselhos para receber verbas federais, entretanto “não tem atuação”.
Os deputados Augusto César (PSDB), Cleiton Collins (sem partido), Antonio Figuerôa (PMDB) e Sérgio Leite (PT) também defenderam uma política mais efetiva de combate à violência e alegaram que a desestruturação da família e da sociedade são alguns dos principais motivos para a situação atual.