
A CPI da Celpe ouviu, ontem, empresas terceirizadas que prestam serviços à concessionária de energia para apurar denúncias apresentadas pelos consumidores. De acordo com a assessoria do colegiado, 890 reclamações apontam mau atendimento, invasão de domicílio, corte indevido, violação de medidores e a inexistência de mecanismos para registrar as insatisfações da clientela. O presidente da CPI, deputado Sérgio Leite (PT), ressaltou que a audiência pública comprovou as denúncias, “pois o lucro está em primeiro plano na política exercida pelas empresas, enquanto o consumidor aparece em segundo lugar”.
“Existe ineficiência no atendimento, número insuficiente de funcionários para realizar as atividades, entre outros”, afirmou. Leite acrescentou que o grupo de trabalho solicitará à Celpe, com a mediação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a elaboração de um termo de ajustamento de conduta que garanta o respeito ao padrão de qualidade dos atendimentos.
Três prestadoras de serviço compareceram à reunião. O diretor-presidente da Megaton, Jorge Vasconcelos, garantiu que o corte não é efetivado sem o aviso prévio da Celpe aos usuários. Vasconcelos acrescentou que, se o proprietário da residência apresentar a conta em atraso paga, os técnicos não realizam o corte do fornecimento de energia. “Nossa equipe é treinada periodicamente e sempre que detectamos necessidade. Isso garante a qualidade do trabalho”, disse. A Megaton é responsável por cortes, ligações e construção de linhas de fornecimento.
O representante da ABF Engenharia, Luiz de Gonzaga, assegurou que a empresa instrui seus funcionários a prezar pela minimização dos conflitos na abordagem aos consumidores. A ABF realiza a leitura dos medidores, entrega de contas e o acompanhamento dos cortes. Para Gonzaga, “o desligamento da energia é um assunto delicado, que deve ser acompanhado com cautela”.
Em nome da Fink Engenharia Ltda, que executa a construção e manutenção de linhas de rede, ligações novas, além de cortes e religações, o engenheiro Joaquim Alves, concedeu explicações sobre o incidente que vitimou o comerciante Sebastião Valdevino da Silva, de 54 anos, que faleceu depois de receber os técnicos da Fink para cortar a energia da sua casa. A filha do comerciante, Edna Alves, afirmou que as contas do pai estavam pagas e os funcionários da empresa desconsideraram. Ela também disse que o pai não recebeu aviso prévio de corte. Joaquim Alves, no entanto, considerou “que, de acordo com relatos dos funcionários, não houve irregularidades na abordagem e no atendimento a Sebastião Valdevino”.
Também compareceram à audiência a defensora pública Cristina Sakaki e representantes de comunidades e de órgãos que defendem os consumidores.