
Criar espaço para que o frevo seja tocado o ano inteiro, não se limitando apenas ao período carnavalesco. Este foi um dos pedidos feitos por artistas e defensores da cultura pernambucana, ontem, durante o Grande Expediente Especial em comemoração ao centenário do ritmo. O evento, proposto pelo deputado Antônio Moraes (PSDB), reuniu representantes de blocos, cantores e compositores, além de outras personalidades da cena cultural do Estado, que receberam estandartes alusivos à data. O presidente da Casa, deputado Guilherme Uchoa (PDT), elogiou a iniciativa. “Pernambuco se destaca no País pelo turismo, pela cultura e, principalmente, pelo frevo. Muitos dos seus compositores moram no Estado, alguns esquecidos, outros injustiçados”, comentou Uchoa.
Moraes reafirmou sua paixão pelas manifestações culturais pernambucanas e sugeriu que a Mesa Diretora da Alepe edite um CD ou um livro marcando os cem anos do frevo. “A Casa tem participação importante na divulgação da nossa cultura”, frisou, lembrando que, até pouco tempo, o forró enfrentava as mesmas limitações, só sendo valorizado no período junino. “Porém, devido à união dos artistas, hoje, a música é tocada o ano inteiro em todo o País”, observou.
De acordo com o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PT), o frevo é uma expressão exclusivamente pernambucana e tem que ser preservada. “O desafio do Governo Eduardo Campos (PSB) é fazer com que ele seja valorizado e transmitido”, frisou, destacando que o acesso aos recursos do Fundo de Cultura (Funcultura) será democratizado na gestão socialista com a promoção de debates, a fim de analisar onde empregar os investimentos.
O secretario de Cultura do Recife, Roberto Peixe, o presidente do Bloco Lírico Flor da Lira, Ceronildo Guerra Silva, o maestro Ademir Araújo e o cantor e compositor Santana também se pronunciaram. Ceronildo defendeu a valorização dos blocos carnavalescos. “As agremiações têm cachês irrisórios não ultrapassando R$ 4 mil”, informou, acrescentando que, geralmente, um bloco tem cerca de cem integrantes e 30 músicos.
Peixe destacou o carnaval multicultural da Prefeitura do Recife. “O prefeito João Paulo (PT) estabeleceu políticas públicas que fortalecem as raízes culturais”, alegou. “Temos responsabilidade com essa música que é a mais instrumental do mundo”, avaliou o maestro. Santana sugeriu uma pesquisa mais aprofundada sobre a origem do frevo. “Dizem que ele tem origem na cultura negra, judaica, entre outras, mas porque ele só é tocado em Pernambuco?”, questionou.
No encerramento, a orquestra feminina Lourdinha Nóbrega e vários cantores, como Nadja e Santana, animaram a platéia com os clássicos Juventude Dourada, de Edgard Moraes, e Evocação nº 1, de Nélson Ferreira, entre outros.