Xaxado vira Patrimônio Cultural de Pernambuco

Em 26/09/2009 - 00:09
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Não somente de alimentos se caracteriza a agricultura. Nem tão pouco apenas de cansaço vive o agricultor. Os frutos da técnica de cultivo de mais de 12 mil anos foram para além dos itens que saciam a fome da humanidade. Da terra, o trabalhador colheu a cultura e, dos passos do Xaxado, o preenchimento do tempo, quando a lida árdua com o campo se arrastava. Do solo veio a dança nordestina, que, este ano, recebeu a classificação de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.

A homenagem à manifestação artística originou-se no Projeto de Lei Ordinária nº 992/09, de autoria do deputado Augusto César Filho (PTB). A proposição resultou na Lei Estadual nº 13.776. A matéria compôs o conjunto de propostas da Casa Joaquim Nabuco para reconhecimento das principais expressões culturais do Estado. Como o Xaxado é uma das danças de maior destaque no município de Serra Talhada – localizado no Sertão do Pajeú – os passos foram eleitos pelo parlamentar petebista para receber a distinção.

Resultado da criatividade do agricultor, o cultural Xaxado foi concebido a partir dos movimentos feitos pelos trabalhadores durante o cultivo e a colheita dos alimentos. Da lida com as sementes e do manuseio das enxadas vieram os passos dessa expressão. O nome da dança é outro componente que sugere o que os homens e mulheres do campo faziam para produzir os grãos, frutas, folhas e verduras.

A palavra Xaxado vem do verbo sachar, que significa lavrar a terra. “Quem observa um agricultor trabalhando o solo para plantio percebe que os movimentos são muito parecidos aos da dança”, salientou César Filho, na justificativa do projeto. No princípio, a expressão cultural foi adotada pelos cangaceiros, que – nos intervalos entre conflitos – cantavam versos nordestinos e “xaxavam” ao som da cantoria.

Por sua importância em determinadas localidades, os passos dos agricultores e bandos do Cangaço foram incorporados à cultura do Nordeste. “E mesmo com o passar do tempo, a dança de guerra dos cangaceiros resistiu. Hoje, faz sucesso entre os grupos folclóricos. Em Pernambuco, por exemplo, a manifestação é o cartão postal da cidade de Serra Talhada – município considerado, inclusive, a capital daquele ritmo”, acrescentou o autor do projeto.