O centenário de nascimento de dom Helder Câmara foi comemorado, ontem, pela Assembleia Legislativa por solicitação do deputado Pedro Eurico (PSDB). A homenagem in memorian foi realizada no auditório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e reuniu diversos parlamentares e admiradores do arcebispo emérito da Arquidiocese de Recife e Olinda. “Um século de uma vida toda dedicada aos postulados da Igreja Católica e ao povo brasileiro”, observou o presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT). O religioso nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 7 de fevereiro, e faleceu em 27 de agosto de 1999, no Recife.
Para Uchoa, a Casa não poderia deixar de homenagear o sacerdote que, durante mais de duas décadas, realizou relevante trabalho social em Pernambuco, “enfrentando ameaças de toda ordem”. “Dom Helder, o Dom da Paz, merece o respeito e a admiração do Poder Legislativo de Pernambuco, fórum que está sempre em sintonia com os anseios da sociedade pernambucana”, comentou.
A atuação do arcebispo em favor dos pobres e dos direitos humanos, durante o regime militar, também foi registrada por Uchoa. “O nobre religioso mantinha suas idéias libertárias, lutando por uma Igreja voltada para os pobres. Ele se dedicou ao trabalho social e ao combate às injustiças. Sofreu perseguições e foi vítima de várias campanhas difamatórias promovidas pelos defensores do regime militar, que o acusavam de querer implantar o comunismo no Brasil”, lembrou o presidente do parlamento ressaltando, ainda, a iniciativa de Eurico, “amigo e colaborador de dom Helder”.
Pedro Eurico, que foi advogado e presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese, falou da relação com o arcebispo e da importância de seus ensinamentos, cujo objetivo era implantar uma cultura de paz. “Dom Helder foi um dos nomes mais importantes do século XX, época marcada por guerras mundiais e pela instalação de várias ditaduras na América Latina. Entretanto, apesar de todo o terror, ele fertilizou o deserto com suas ideias”, avaliou o tucano.
Durante o tempo em que atuou junto à comissão, Eurico disse que trabalhou em mais de cem áreas de baixa renda defendendo moradia para os menos favorecidos.
“Dom Helder direcionou a Igreja para os pobres. Ele não representou a instituição ritualística, mas a de pés na lama, que age em defesa dos excluídos”, completou.
No final da cerimônia, o parlamentar tucano entregou uma placa comemorativa à presidente do Conselho Curador do Instituto Dom Helder Câmara (Idhec), Maria Lúcia Moreira da Costa. O diretor-executivo do instituto, Bruno Ribeiro, agradeceu a homenagem, “uma das mais importantes entre as que irão acontecer durante todo o ano”. “Essa cerimônia representa o desejo de toda a sociedade pernambucana por quem dom Helder tanto fez”, destacou. O Idhec é o responsável pelo acervo histórico do religioso.