Um desentendimento sobre quais municípios de Pernambuco podem ser beneficiados por políticas públicas destinadas a arranjos produtivos específicos marcou a discussão do Projeto de Lei (PL) nº 1670/2024, na reunião da Comissão de Justiça, nesta terça (16).
O PL, de autoria do Poder Executivo, institui um programa para fomentar o desenvolvimento do polo de confecções do Agreste. O projeto prevê, entre outros pontos, que empresas do polo produzam fardamento para alunos da rede estadual de ensino
O texto original do governo indica 27 municípios do Agreste Central e 19 do Agreste Setentrional que seriam considerados integrantes do Polo de Confecções.
A proposta foi considerada como constitucional por unanimidade. Também foi considerada constitucional, pela maioria dos membros, a Emenda nº 1/2024, do deputado Joaquim Lira (PV), que pode incluir Vitória de Santo Antão (Mata Sul) na lista de municípios beneficiados.
O PL nº 1670/2024 e a emenda que inclui Vitória de Santo Antão no programa ainda terão que ser votadas pelas comissões temáticas da Alepe, antes da votação em plenário.
Discussão
A inclusão de um novo município provocou um debate entre os parlamentares. O relator original da matéria, deputado Diogo Moraes (PSB), foi contra a emenda, por entender que o PL é destinado especificamente ao Polo de Confecções do Agreste.
“Se abríssemos para outras localidades, esta deixaria de ser uma oportunidade de ajuda para aquela região, que tem a atividade têxtil como principal. Acredito que essa alteração descaracterizaria a proposição original”, apontou Diogo Moraes.
Joaquim Lira defendeu a pertinência temática da modificação. “Não há legislação em vigor que determine quais municípios integram o Polo. Entendo a preocupação em preservar a região, mas não podemos excluir outras cidades que podem se beneficiar com essa medida”, avaliou o deputado.
O PL tramita em regime de urgência, o que motivou crítica de Coronel Alberto Feitosa (PL). “Isso nos impede de aprofundar discussões importantes, que requerem debate, como esta”, pontuou.
Alguns parlamentares consideraram apresentar pedido de vista e, assim, estender o prazo para análise da proposta. No entendimento da Procuradoria da Alepe, porém, não caberia mais direito a pedido de vista, pois o prazo para apreciação do projeto na Comissão de Justiça está encerrado desde 27 de março.
O deputado Mário Ricardo (Republicanos) sugeriu que a emenda fosse colocada em votação, e a discussão mais ampla, realizada em outro momento. “A proposta precisa avançar, ela é importante para desenvolver o Polo de Confecções. Mas precisamos debater sobre cada distrito industrial de Pernambuco e como incentivar outros municípios”, afirmou.
Presidente do colegiado, Antônio Moraes (PP) colheu os votos e lembrou que novas alterações podem ser propostas em plenário, no intervalo entre o primeiro e o segundo turno de discussão.
O parecer contrário à Emenda 1/2024 foi rejeitado por cinco a três, com votos de Rodrigo Farias (PSB), Romero Albuquerque (União), João Paulo (PT), Sileno Guedes (PSB) e Joãozinho Tenório (PRD).
Votaram com o relator original Diogo Moraes, portanto contrários à Emenda, os deputados Luciano Duque (Solidariedade) e Coronel Alberto Feitosa. O deputado Rodrigo Farias assumiu a nova relatoria, por ter sido o primeiro a apresentar o voto divergente.
A Comissão de Justiça ainda rejeitou a Emenda nº 2/2024, da deputada Dani Portela (Psol). A proposição previa ações para o Governo promover a valorização de costureiras e costureiros que atuam no Polo de Confecções do Agreste.
O relator da matéria, deputado Diogo Moraes, informou que houve acordo com a autora da emenda, que deve apresentar a iniciativa como novo projeto de lei.