Audiência no Abril Laranja busca conscientizar sobre prevenção e amputação

Em 16/04/2024 - 17:04
-A A+

ABRIL LARANJA – Audiência faz parte de mês dedicado à prevenção da amputação de membros e à qualidade de vida daqueles que sofreram o procedimento. Foto: Amaro Lima

“A gente tem que conscientizar o próximo para nos incluir no dia-a-dia, no trabalho e nas festas. Em muitos lugares, não há sensibilidade para ver que somos pessoas normais e que não somos diferentes de ninguém por não ter um membro, seja uma perna ou um braço”.

A fala de Iasmim Moura, que há dois anos perdeu a perna direita após um acidente de moto, resume a discussão feita pela Comissão de Saúde nesta terça (16) em apoio à campanha Abril Laranja – Mês da Conscientização da Amputação.

Adotado em países como os Estados Unidos, o  Abril Laranja foi lançado no Brasil pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec) em 2020. Atualmente, a cada dia, pelo menos 85 brasileiros têm pés ou pernas amputadas na rede pública de saúde. 

Durante a audiência pública na Alepe, pacientes, profissionais da saúde e políticos debateram a prevenção das perdas de membros – associadas, por exemplo, a doenças vasculares como a síndrome do pé diabético ou a ferimentos infeccionados – e o acesso a próteses e tratamento multidisciplinar por esses pacientes. 

Na abertura do encontro, o deputado Izaías Régis (PSDB) frisou que o Brasil possui cerca de 500 mil pessoas amputadas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação.

O tucano lembrou ainda que essas amputações têm diversas causas, sendo a mais recorrente sequela de diabetes, seguida por acidentes de trânsito e de trabalho. O membro da comissão de Saúde lamentou que, especialmente no Interior, muitas pessoas passem por amputações por flata de orientação.

Autor do requerimento de realização da audiência pública, Kaio Maniçoba (PP), pediu o apoio ao Projeto de Lei Ordinária (PL) nº 540/2023, de sua autoria. A proposição inclui o Abril Laranja no Calendário de Eventos e Datas Comemorativas de Pernambuco. “Precisamos fazer a conscientização em todo o estado.

“A gente coloca o Abril Laranja no calendário oficial para que se possa chegar nas escolas e uma criança não estranhe um colega chegar com uma prótese. E que as pessoas entendam como algo normal, corriqueiro e que pode acontecer na vida de todos nós”, pontuou.

Demandas

O fisioterapeuta Tiago Bessa, que propôs o encontro, afirma a importância de conscientizar a população a buscar a prevenção, uma vez que até um machucado no pé, por um simples corte de unha inadequado, pode levar a uma amputação.

“E caso se a tenha necessidade da amputação, a gente quer mostrar que os pacientes podem ter vida com qualidade. Ele pode sim ser reabilitado com próteses e voltar a ser produtivo e ser reinserido na sociedade de forma adequada”, prosseguiu.

“Não é apenas garantir que essas pessoas consigam fazer fisioterapia, reabilitação ou obterem uma prótese no Sistema Único de Saúde. É também para que elas tenham atendimento multidisciplinar com psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta”, agregou o ortopedista Marcelo Souza, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP).

Vereador do Recife e médico do HCP, Tadeu Calheiros (MDB) enfatizou a importância de o atendimento clínico ocorrer de forma descentralizada no estado  e em tempo adequado. 

“Nossos pacientes são maciçamente do Interior do estado e muitas vezes de outros estados. E a gente tem uma média de seis meses desde o início dos sintomas até chegar na mina sala. Isso é um tempo crucial entre a vida e a morte, entre a preservação ou não de um membro.”

A audiência pública também contou com a participação de pessoas que passaram pela cirurgia de amputação de um membro. Uma delas foi a fala de encorajamento de Lucas Rafael da Costa, de 12 anos, que não tem a perna esquerda devido a uma má-formação congênita. 

“Com a prótese eu consigo fazer tudo: andar, correr um pouco, jogar futebol e volêi. Não se conformem dentro de casa, pensando que não podem fazer as coisas. Vocês podem fazer o que quiserem. A palavra é determinação”, encerrou.

RELATOS – Lucas Costa e Iasmim Moura deram depoimentos sobre as demandas das pessoas que sofreram amputação. Fotos: Amaro Lima