A defesa do papel das associações de pacientes no acesso aos medicamentos derivados da maconha foi o foco da primeira mesa de debates da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial em Pernambuco. O encontro foi realizado nesta segunda (18) e reuniu representantes de associações de todo o Estado.
Eles defenderam o avanço da regulamentação dos remédios produzidos a partir da planta para que possam ser fornecidos pelo SUS, mas pediram para ser incluídos na legislação que for criada. O temor é que as regras atendam apenas os interesses da indústria farmacêutica.
É o que destaca Fabrina Santos, diretora da Associação Canábica Medicinal de Pernambuco (Cannape). “A gente ensina a plantar e cultivar cannabis, correndo atrás do jurídico e fazendo extensões de projetos dentro dos órgãos de saúde e de segurança pública. A gente faz todo esse trabalho educativo e não pode ficar para trás”, argumenta.
“Hoje, o paciente que depende do SUS está para trás. Apesar de termos leis estaduais, a União ainda não contempla a cannabis, por falta de regulamentação”, exemplifica Fabrina.
As associações também esperam o apoio do Poder Público para trabalhar com mais segurança jurídica e para ampliar a atuação. Segundo a presidente da Associação Aliança Medicinal, Hélida Lacerda, mesmo o óleo de produção local, bem mais barato do que as medicações de farmácia com importação autorizada pela Anvisa, ainda tem um valor inatingível para muitos pacientes.
“A parcela de pessoas que chegam todos os dias pedindo para fornecer gratuitamente o óleo é bem considerável. Mas chega um ponto que a gente não consegue mais, a gente não pode fazer tudo sozinho. É aí que o SUS tem que entrar”, avalia Hélida.
Coordenador da Frente, o deputado João Paulo (PT) lamentou que o SUS precise recorrer aos remédios importados para cumprir decisões judiciais, ao invés de usar a produção nacional.
“A produção local é muito mais eficiente, com muito mais qualidade e com muito mais controle. A medicação importada, vem toda lacrada, não se tem um controle para averiguar se tem a mesma qualidade que a nossa”,
A próxima reunião da Frente está prevista para o dia 22 de abril, com participação da Anvisa e de parlamentares federais.