
AUDIÊNCIA – Renato Antunes anunciou um encontro para debater os impactos do projeto. Foto: Nando Chiappetta
A implantação da escola que deve centralizar a formação de sargentos do Exército brasileiro na Região Metropolitana do Recife foi tema de audiência pública realizada pela Alepe, nesta segunda (6). O objetivo foi detalhar a proposta, que deve ocupar parte do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CMNIC), já pertencente às Forças Armadas, localizado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe.
Representantes do Exército afirmaram a intenção de reduzir ao máximo o impacto ambiental, mas esclareceram que a escolha do local considerou que o prédio da escola seja construído em área contígua ao campo de instrução. O general Joarez Alves Pereira Júnior ressaltou que a supressão de Mata Atlântica prevista atinge menos de 2% de um total de 7 mil hectares. Isso corresponde a desmatar aproximadamente 130 hectares. “É muito comum a gente ver centros de excelência do Brasil em qualquer área, incluindo a educação, migrarem para as regiões Sul e Sudeste, e o Exército resolveu fazer o movimento contrário: trazer um centro de excelência, um centro de referência, para a região Nordeste”, afirmou.

DEFESA – O general Joarez Pereira Júnior destacou a iniciativa de trazer o projeto para o Nordeste. Foto: Nando Chiappetta
O general Joarez ainda sugeriu a recuperação de partes da APA Aldeia-Beberibe como compensação ambiental. Segundo ele, a parte sob gestão do Exército, cerca de 23% do total, é a mais conservada da reserva. Além do campo de instrução e da escola propriamente dita, o complexo militar instalado vai contar com um batalhão de comando e serviço e uma vila militar.
Conforme a projeção apresentada durante a audiência, uma comunidade de 6 mil pessoas deve se formar no entorno, com previsão de fazer circular R$ 200 milhões por ano a mais na economia local, apenas em folha de pagamento. Ainda foi apontada a geração de 11 mil empregos diretos e 17 mil indiretos durante a construção do empreendimento.
Impactos

TRABALHO – Ana Luiza Ferreira destacou que o Governo não abre mão do meio ambiente, tampouco da Escola. Foto: Nando Chiappetta
Presente na audiência, a secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira, disse que o Governo do Estado montou um grupo de trabalho envolvendo 11 secretarias, sociedade civil e universidades para tentar chegar à melhor versão possível do projeto. “A posição objetiva é que o Estado de Pernambuco não abre mão do meio ambiente, e também não abre mão do projeto da Escola de Sargentos”, explicou.
Representantes da sociedade civil defenderam mudar o local onde serão construídas as instalações como forma evitar o desmate. Essa proposta deve ser melhor debatida em uma nova audiência pública sobre a Escola de Sargentos, marcada para o dia 27 de novembro. O foco será direcionado aos impactos socioambientais, de acordo com o coordenador da frente parlamentar criada para acompanhar a instalação da unidade, deputado Renato Antunes (PL). A audiência pública desta segunda teve ainda a participação de vereadores do Recife, promotoria de Justiça do município de Abreu e Lima e do deputado federal Coronel Meira (PL).

PRESENÇA – A audiência teve a participação de deputados, militares e da sociedade civil. Foto: Nando Chiappetta