
PANDEMIA – “Dados revelam que a maioria das mortes no Brasil seriam evitáveis se a condução da crise tivesse sido diferente”, lamentou João Paulo. Foto: Jarbas Araújo
Os atos de rua contra o Governo Jair Bolsonaro marcados para o próximo sábado (19) motivaram pronunciamentos de parlamentares da Alepe, na Reunião Plenária desta quinta (17). Os deputados João Paulo (PCdoB) e Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas (PSOL), justificaram a importância da manifestação, prevista para ocorrer em 200 cidades brasileiras e mais 14 países.
No Recife, a concentração será às 9h, na Praça do Derby. “Voltaremos às ruas contra a fome, por vacina e entoando ‘Fora Bolsonaro’, além de outras bandeiras necessárias para este País em véspera de um colapso”, afirmou o comunista. Para João Paulo, a passeata é a única forma de a população protestar contra uma gestão que “quer desmontar o País e jogar as pessoas na miséria”.
O parlamentar lembrou que, no enfrentamento à pandemia de Covid-19, Bolsonaro adotou a tese da imunidade rebanho, que é criticada pela ciência. Também adiou o quanto pôde a compra de vacinas. “Como consequência das ações criminosas do ‘gabinete paralelo’ do Governo Federal, já temos quase 500 mil pessoas mortas por essa doença. Já o número de desempregados ultrapassa os 14 milhões”, frisou.
Ele repercutiu um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) e as revelações da CPI da Covid-19, do Senado Federal, pontuando a “metodologia” da gestão federal. “Os dados mostram que a maioria das mortes seriam evitáveis se a condução da crise tivesse sido diferente”, lamentou João Paulo. “Estamos diante de um genocida. Ele submeteu o Brasil ao império da negação da ciência por meio das fake news elaboradas pelo ‘gabinete do ódio”, completou.
Motivação

CRÍTICA – “Presidente estimula as pessoas a não usarem máscara e adotarem medicamentos sem eficácia contra o vírus”, afirmou Jô Cavalcanti, das Juntas. Foto: Jarbas Araújo
Segundo Jô Cavalcanti, “a estratégia genocida do Governo Bolsonaro tem levado o Brasil a uma realidade trágica”. “Além de não ter tomado as providências indicadas pelos cientistas, o presidente estimula as pessoas a irem às ruas, a não usarem máscara e a adotarem medicamentos sem eficácia contra o vírus”, afirmou. “Exigimos a saída dele, que pratica uma política de morte dos mais vulneráveis.”
A representante das Juntas observou ser impossível que parte da sociedade continue indiferente às vítimas da pandemia. “Também vemos o desemprego atingir 14,7% no primeiro trimestre deste ano e o aumento no número de brasileiros em extrema pobreza”, citou. “Já são mais de 27 milhões de pessoas vivendo com apenas R$ 246 por mês, num cenário de crise econômica com inflação em alta. Os mais pobres estão sendo empurrados para a fome”, prosseguiu.
Ela ainda apontou o crescimento da violência nos últimos anos, principalmente contra a população negra. “O presidente repete discursos racistas e machistas, que contribuem para isso”, opinou. “Por tudo isso e, com todos os cuidados necessários para evitar contaminações, estaremos nas ruas. Esperamos também contar com o Governo do Estado para garantir a segurança dos participantes”, finalizou a psolista.
Ao comentar o tema em seu discurso, o deputado Erick Lessa (PP) avaliou que as reivindicações por vacina e auxílio emergencial são justas, mas “é absolutamente inadequado aglomerar depois de sugerir para a sociedade ficar em casa”. Ele sugeriu que as manifestações políticas ocorram por meio de panelaços, postagens em redes sociais ou pronunciamentos virtuais no âmbito do Legislativo.
O parlamentar criticou, porém, a repressão policial durante a passeata de 29 de maio. “Não se admitirá qualquer tipo de agressão a manifestantes”, assegurou. “Ninguém estaria na rua se tivéssemos um presidente decente. Mas a necessidade exige, pois o presidente é mais letal do que o vírus”, aparteou Jô Cavalcanti.
Renda básica e vacinação
No tempo destinado à Comunicação de Lideranças, João Paulo conclamou os colegas a assistirem a um debate virtual, nesta sexta (18), com a participação do vereador Eduardo Suplicy (PT-SP). O político é autor da Lei da Renda Básica, sancionada em 2004 e ainda não regulamentada pelo Poder Executivo. “Esse tema se tornou urgente em todo o mundo após a pandemia”, salientou.
Jô Cavalcanti reforçou a importância do assunto. “Inclusive, apresentamos projeto de lei para que a medida seja adotada no Estado”, informou a titular das Juntas.
O comunista ainda externou apoio a duas categorias de trabalhadores que pleiteiam prioridade na vacinação contra o novo coronavírus. “Os empregados dos postos de combustíveis e os bancários fazem essa reivindicação. Defendo a inclusão desses segmentos, cujas atividades são essenciais e propícias à contaminação, pois exigem contato direto com o público.”