
CRÍTICA – Para João Paulo, gestão de Trump foi “alheia aos sentimentos do povo e contrária à ciência, trazendo consequências terríveis”. Foto: Jarbas Araújo
A expectativa da vitória do candidato do Partido Democrata, Joe Biden, nas eleições para presidente dos Estados Unidos motivou pronunciamentos dos deputados José Queiroz (PDT) e João Paulo (PCdoB), na Reunião Plenária desta quinta (5). O comunista afirmou que “a derrota de Donald Trump traz esperança para os que amam a democracia”. Para o pedetista, resultado será um “sopro de liberdade” e terá impactos positivos nas relações internacionais e nas políticas sociais em geral.
“Trump levou os EUA a uma divisão só experimentada na época da Guerra da Secessão, no século 19. A gestão do republicano, alheia aos sentimentos do povo e contrária à ciência, trouxe consequências terríveis”, pontuou João Paulo. Segundo ele, o atual presidente americano estaria tentando comprometer a apuração dos votos e ameaçando pedir a recontagem. “Não quer aceitar a verdade das urnas e a vontade do povo”, criticou.
O deputado do PCdoB também fez um paralelo entre a postura de Trump e a de Bolsonaro como governantes. Para o comunista, o presidente brasileiro sempre foi subserviente ao estadunidense. “Ambos representam uma ameaça às instituições e uniram-se a fanáticos, espalhando temores sem sentido e mentiras descaradas. Também responderam mal à pandemia do novo coronavírus: Brasil e EUA têm altos índices de mortes e casos. Com a queda de Trump, Bolsonaro ficará isolado.”
João Paulo espera que novos ventos democráticos se espalhem pelo mundo, a exemplo do que ocorreu recentemente na Bolívia, com a eleição de Luis Arce para presidente. “A mudança de rumos prevista nos Estados Unidos será sentida no Brasil de forma positiva. Caso eleito, Biden vai, com certeza, cobrar a proteção da floresta amazônica e propor novas relações diplomáticas”, avaliou.

DEMOCRACIA – “Não será o salvador da humanidade, mas adotará políticas públicas que darão alento às liberdades e às minorias”, acredita Queiroz. Foto: Jarbas Araújo
José Queiroz, por sua vez, acredita que o ex-vice-presidente norte-americano “não será o salvador da humanidade, mas adotará políticas públicas que darão alento à democracia, às liberdades e às minorias”. “Os EUA, ainda hoje, devem anunciar a eleição de um democrata, um homem que pode trazer luzes para o mundo”, expressou. Ele considera que Biden terá uma margem favorável mais ampla e registrou a vantagem do democrata, ainda com a apuração em curso, em Nevada, considerado um estado-chave no sistema eleitoral estadunidense.
Também demonstrou a expectativa de “viradas” na Geórgia e na Pensilvânia, onde o republicano Donald Trump está na liderança. “Poderemos chegar a 306 delegados, número suficiente para mostrar que o povo estava com sentimento de mudança e já não tolerava mais tantas inconsequências”, disse. “Esperamos que a vitória seja elástica e possa inibir o atual presidente americano de exageros e irresponsabilidades.”
Pandemia – José Queiroz voltou a demonstrar, em discurso no Pequeno Expediente, preocupação com a pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo. Ele destacou aglomerações ocorridas durante o último fim de semana e no feriado do Dia de Finados, na segunda (2), e chamou atenção para o retorno de países europeus às medidas mais rígidas de isolamento social.
“Vamos chegar a 1,1 milhão de mortos pelo novo coronavírus no mundo, o que é um pesadelo para a humanidade. No Brasil, mais de 161 mil partiram”, lamentou. “Diversas pessoas contraíram recentemente o coronavírus. Precisamos estar advertidos, pois ainda corremos risco de aumento no número de casos.” O pedetista criticou o presidente Jair Bolsonaro, que teria “brincado com a pandemia”, mas elogiou as medidas adotadas em Pernambuco pelo governador Paulo Câmara.
O tema também foi comentado por outros parlamentares ao longo da reunião. Para Teresa Leitão (PT), em vez de cuidado, respeito à ciência e responsabilidade, “o Governo central não consegue externar senão desprezo à população”. “Países da Europa, como a Itália, já estão com toque de recolher, com impactos devastadores para economia, emprego e renda”, alertou João Paulo.