
ANÁLISE – “Isso traz novos desafios para quem está disputando um mandato, como lidar com disparos de mensagens e fake news.” Foto: Evane Manço
A força das redes sociais na campanha eleitoral deste ano, intensificada pelas restrições de circulação causadas pela pandemia do novo coronavírus, motivou análise do deputado João Paulo (PCdoB). Na Reunião Plenária desta quinta (1º), ele apontou que o pleito ocorrerá em um cenário “jamais experimentado no Brasil”.
Segundo o parlamentar, nas eleições de 2018, observou-se o uso desse novo veículo de divulgação, que teria levado à ascensão de candidaturas de extrema-direita a partir do espalhamento de notícias falsas. A situação, contudo, deve ser ainda mais marcante em 2020. “Isso traz novos desafios para quem está disputando um mandato, como lidar com os disparos de mensagens e fake news”, pontuou.
O comunista lembrou que, nos últimos anos, há uma preferência mundial por candidatos de extrema-direita. Ele avalia, contudo, ser possível que essas vitórias “não reflitam a liberdade de escolha, mas uma influência disseminada pelas redes sociais”. “Em 2016, a consultoria britânica Cambridge Analytica obteve indevidamente os dados de 87 milhões de usuários nos Estados Unidos, influenciando eleitores a erro e tendo ajudado Donald Trump a ser eleito presidente.”
João Paulo salientou que a combinação de fake news e robôs que disparam dados em massa está em pleno uso no Brasil desde as últimas eleições. “Estima-se que, durante a campanha de 2018, Jair Bolsonaro tenha utilizado centenas de robôs para influenciar os eleitores. Cerca de 55% dos tuítes que usaram a hashtag Bolsonaro foram feitos por sistemas artificiais. Quem garante que ele não se valerá do mesmo expediente nas campanhas dos aliados municipais, ou seja, impor um pensamento obscurantista por meio das redes sociais?”, questionou.
O deputado avisou que os partidos de esquerda estão se mobilizando e buscando antídotos contra esse tipo de estratégia. “Os candidatos progressistas estão demonstrando força em algumas capitais e, por isso, as notícias falsas já começaram a se espalhar. Mas não admitiremos atitudes fascistas e vamos acionar a Justiça, se necessário”, alertou. Para ele, “a força das ideias e da verdade, bem como o compromisso com temas cruciais, há de superar a manipulação, a mentira e o ódio, que são os catalisadores das campanhas e do dia a dia dos bolsonaristas”.
Em aparte, o deputado José Queiroz (PDT) recordou que, na época da ditadura militar, “tivemos nossos sonhos frustrados, mas fomos instados a lutar”. “Nestes nossos tempos, em que Jair Bolsonaro procura desarticular as estruturas do País, precisamos de novamente lutar em favor da verdade”, registrou.