
CRÍTICA – Na avaliação do parlamentar, Bolsonaro “relativiza a vida e trata as mortes como baixas esperadas e não, como existências interrompidas”. Foto: Reprodução/Evane Manço
O deputado João Paulo (PCdoB) fez um discurso, durante a Reunião Plenária desta quinta (18), em defesa do valor supremo da vida. Ele lamentou o que considera “insensibilidade do presidente Jair Bolsonaro” diante das mais de 46 mil vítimas fatais de Covid-19 registradas no Brasil até o momento. Na avaliação do parlamentar, o chefe do Executivo Federal “relativiza a vida e trata as mortes como baixas esperadas e não, como existências interrompidas”.
Para o comunista, o “comportamento desumano” de Bolsonaro já era previsível desde antes da campanha, visto o histórico do político contar com declarações contrárias às minorias, ao meio ambiente e aos direitos humanos. “Por mais incrível que possa parecer, a vida está sendo tratada como algo secundário pelo homem que ocupa o principal cargo do País. Ele não se comove diante da morte”, registrou.
O parlamentar considera que os governos de extrema-direita no mundo vão sair desacreditados na realidade pós-pandemia, por entenderem que há uma fratura entre economia e vida, e pela incapacidade de proteger ambas. “No Brasil, a epidemia do novo coronavírus fica em segundo, ou mesmo, terceiro plano, diante da busca diária do presidente pelo autoritarismo, com ataques à Suprema Corte e incitações recorrentes ao conflito”, alegou.
Ainda na visão de João Paulo, a insensibilidade com a vida contamina o mundo do trabalho, que vem observando uma maior precarização de várias atividades, como a de motofretistas. “Trabalham sem garantias legais mínimas. São empregados comandados por algoritmos e deixados ao relento por empresários e pelo Estado’’, pontuou, para então concluir: “Só seguiremos em frente nos desafios pós-Covid-19 se tratarmos nossa permanência na Terra como fonte de tudo”.
O pronunciamento recebeu os apartes dos deputados Teresa Leitão (PT) e José Queiroz (PDT), que elogiaram a sensibilidade do colega. “Foi um discurso sutil e muito profundo, que trouxe para o centro do debate o valor supremo da vida, tão desrespeitada por aquele que tem um slogan que diz: ‘Deus acima de tudo’”, destacou a petista. “O presidente precisa saber que nós resistiremos às suas ações. Estamos prontos para a luta, defendendo a Constituição”, acrescentou Queiroz.