Fundadora do Instituto Capibaribe ganha homenagem póstuma da Alepe

Em 01/10/2019 - 22:10
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Reunião Solene em comemoração aos 100anos do nascimento da educadora Raquel Correia de Crasto.

REUNIÃO SOLENE – Celebração à memória de Raquel Correia de Crasto foi proposta pelo deputado Waldemar Borges, ex-aluno da escola. Teresa Leitão coordenou cerimônia. Foto: Jarbas Araújo

A pedagoga Raquel Correia de Crasto, que completaria 100 anos em 2019, foi homenageada, nesta terça (1º), em Reunião Solene na Alepe, pelo tempo dedicado à causa da educação. A iniciativa foi proposta pelo deputado Waldemar Borges (PSB). Em 1955, ela foi convidada pelo educador Paulo Freire para participar do grupo que criou o Instituto Capibaribe, a primeira escola do Recife a adotar uma pedagogia considerada alternativa. Raquel faleceu em 2004, mas as práticas permanecem sendo difundidas na escola, que já soma 64 anos de existência.

Nascida em Vicência, na Mata Norte, Raquel foi aluna do primeiro curso de Pedagogia da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), especializando-se em Orientação Educacional, ramo em que trabalhou com adolescentes e formação de professores. Em 1942, foi nomeada professora da então Escola Rural Alberto Torres, em Tejipió. Em 1943, passou a trabalhar com crianças especiais na Escola Aires Gama. Ela também foi fundadora do Instituto Domingos Sávio, para alunos com problemas auditivos.

Construído com base em uma escola renovada, na qual a criança deve ser compreendida e respeitada, o Instituto Capibaribe teve Raquel como sua primeira diretora. Ela permaneceu à frente da entidade até 1995, sempre defendendo o princípio da educação integral, fundamentada no aspecto afetivo-emocional da criança, sob o lema da educadora francesa Pauline Kergomard. O Capibaribe também se destaca por um método de aprendizado indutivo-dedutivo, que estimula a autonomia e o pensamento dos alunos, despertando o senso crítico.

“Dona Raquel foi uma pessoa à frente do seu tempo. No exercício de suas funções, sempre colocava o amor e o humanismo como métodos para dirigir o Capibaribe e cuidar dos alunos”, pontuou a deputada Teresa Leitão (PT), que presidiu a cerimônia. Ela enfatizou que o legado de práticas pedagógicas inovadoras da homenageada segue vivo, inspirando os que enxergam na educação uma possibilidade real de mudar a sociedade.

Waldemar Borges, ex-aluno da instituição, afirmou que o espírito altruísta de dona Raquel foi marca da coerência que guardava entre o entendimento que tinha sobre educação e no relacionamento com os que a cercavam. ”Pena que nem todos tiveram oportunidade de estudar em uma ‘escola tão pequena de valor material’, como diz o hino do Instituto Capibaribe, mas gigante em valores éticos e morais. Que as próximas gerações continuem relembrando os valores e o legado deixado por dona Raquel. E que o Capibaribe continue sendo instrumento que a cada dia mais preserve esse compromisso com a humanidade”, salientou.

A diretora da escola, Maria Mônica Antunes, recebeu uma placa comemorativa da Assembleia. A gestora agradeceu e ressaltou que a iniciativa é um reconhecimento ao trabalho incansável de Raquel Crasto. “Ela dedicou a vida à pedagogia e deu uma nova perspectiva à educação no Recife”, assinalou. A ex-diretora do instituto Vera Andrade Lima, o ex- aluno Agostinho da Silva Rosas e uma das mães fundadoras, Maria Lia Cavalcanti, também fizeram saudações durante a solenidade. Dois ex-alunos que se tornaram músicos, Sidor Hulack e Paulo Barros, executaram o hino da escola.