Comissão de Cidadania debate atendimento do plano de saúde Hapvida

Em 24/08/2018 - 15:08
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INICIATIVA – A audiência pública foi motivada por denúncias de usuários e contou com a participação de representantes do grupo e de entidades de classe. Foto: Sabrina Nóbrega

A qualidade do atendimento prestado pelo plano de saúde Hapvida em Pernambuco foi debatida, nesta sexta (24), durante audiência pública promovida pela Comissão de Cidadania. Cerca de 450 mil pernambucanos pagam pela prestação de serviços da operadora, a terceira maior em número de beneficiados no País. Contando com a participação de representantes do grupo e de entidades de classe, o debate foi motivado a partir de denúncias de que os atendimentos de média e grande complexidades não têm sido realizados de forma eficiente pela operadora. O tema já foi pauta de outro encontro no mês de junho.

Presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Jorge Lobo, pontuou algumas denúncias que têm sido recebidas. “São temas que não cabem ao sindicato, por isso procuramos a Assembleia, que tem os representantes do povo”. Entre as situações elencadas nas queixas, destacou a “restrição médica à solicitação de exames e à liberação de vagas para internação”. “É um cenário danoso tanto para o usuário do plano quanto para o médico”, avaliou. O presidente apontou, ainda, que há denúncias de que existe uma recomendação da operadora sobre o tempo máximo de 15 minutos para atendimento, “para que não haja queixa de demora de outros pacientes”.

Do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Mário Fernando Lins relatou que tem recebido queixas semelhantes. “É preciso que os hospitais de emergência contem com equipes multidisciplinares para que os pacientes não sejam enviados de uma unidade para outra”, acrescentou. Acerca de denúncias de negligência médica, ele informou que ainda estão sendo investigadas pelo colegiado.

Usuários do plano também se manifestaram para pontuar situações em que acreditam ter havido falha no atendimento. Daniel Geraldo relatou o caso da esposa, grávida, que perdeu o bebê, e Marisa Lima falou sobre o marido, que teria tido queixa negligenciada pelos médicos. “Nada foi feito, e ele teve a perna amputada”. O procedimento adotado para exames de imagem foi criticado por Jocelma Verônica: “O resultado do meu exame veio em CD, mas os médicos não tinham equipamento para visualizar”.

Há um mês à frente da superintendência da Hapvida, Anderson Nascimento garantiu que a rede tem buscado aperfeiçoamentos constantes. “Reconhecemos que podemos melhorar, mas o bom atendimento, sem dúvida, é o foco da empresa.” Sobre a colocação de Jocelma, ele explicou que a impressão dos exames de imagem deixaram de ser feitas “não por economia, mas por questão ambiental”. “Os resultados ficarão disponíveis online, sendo facultada a impressão, se o usuário preferir”.

Anderson negou a denúncia de que há médicos atendendo simultaneamente em unidades do Hapvida e no Hospital da Restauração. “Se há falhas pessoais, é preciso apurar.” Também representante do Hapvida, Igor Facó destacou que há mais de dez anos a rede atende no Estado, contando com seis hospitais próprios, cinco pronto-atendimentos e 15 clínicas. “Entre as dez maiores operadoras do País, a Hapvida é a oitava no ranking de reclamações”, frisou, destacando o compromisso da empresa com a satisfação do usuário.

Facó também contestou a denúncia de que estaria havendo encaminhamento de pacientes de maior complexidade para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Não temos essa prática. Entre as 50 maiores operadoras no Brasil, ficamos na posição 48ª em ressarcimento ao SUS”, apontou, afirmando que sequer haveria vantagem em fazer o encaminhamento: “A tabela do SUS traz valor superior ou, no mínimo, igual”. Ao final do debate, colocou a rede à disposição dos usuários.

A promotora Lidiane Fonseca, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE/Caop-Consumidor), disse que as denúncias estão sendo investigadas e argumentou que os números apresentados sobre reclamações não são convincentes: “Sabemos que a maioria das pessoas não procuram os canais de queixa ou sequer têm noção de que têm direitos”. A usuária Marisa Lima, inclusive, relatou que não prestou queixa. “Se a Hapvida quer mesmo melhorar o atendimento, que sente com os órgãos e traga soluções”, finalizou. Representantes da Defensoria Pública de Pernambuco e da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Pernambuco (OAB-PE) mencionaram que também têm recebidos queixas de usários.

Presidente da Comissão de Cidadania, o deputado Edilson Silva (PSOL) avaliou que é necessário sistematizar tudo o que foi colocado durante o debate. “Precisamos juntar as denúncias e os dados passados pela Hapvida para uma avaliação. A partir daí poderemos decidir que procedimento vamos adotar”, declarou. Nesse sentido, o parlamentar pediu apoio dos usuários para a coleta de dados sobre queixas. “Acho que, diante do exposto, é muito justificável que a gente aprofunde esse debate. Não se trata de um problema de saúde pública, mas de caráter humanitário”, ressaltou. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) e o Sindicato do dos Servidores do Detran-PE também participaram da audiência.